sexta-feira, abril 19, 2024
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E os filhos! Por que querem sair do “Ninho”?

Por Auxiliadora Paiva

Durante duas semanas, a coluna Positividade trouxe a baila a discussão, no bom sentido, sobre a Síndrome do Ninho Vazio, com as suas repercussões e também as suas formas de enfrentamento e superação. E hoje encerrando a Trilogia SNV, iremos abordar o outro lado da “moeda”, a outra parcela de envolvimento com essa Síndrome. Estamos falando dos filhos, daqueles que direta ou indiretamente favorecem a instalação do evento psicológico emocional. Como esses filhos reagem a essa saída? Quais são as consequências reais que serão vivenciadas por eles, logo após o “desmame” ou após ao corte do chamado “cordão umbilical”. O texto de hoje, será dedicado todos eles, aos que conseguiram romper com essa barreira e assim como também aos que ainda estão em pleno processo de convivência familiar e não deram essa guinada.
Se a SNV, se apresenta como uma situação muito delicada para algumas pessoas, nos dias atuais aparece uma outra estrutura peculiar, que é a Síndrome do Ninho Cheio ou SNC. E o que vem a ser esse processo? Essa é uma situação que se adequa aos filhos adultos, que se recusam a sair da casa dos pais. É a chamada “ Adolescência Estendida”. Nela há, por parte dos filhos, uma negação em assumirem as suas responsabilidades e de tormarem-se independentes, de sua família. Esse é um fenômeno crescente na nossa sociedade contemporânea.
Como isso acontece? Quais são os elementos favorecedores? Assim como a SNV, traz uma série de transtornos para um núcleo familiar, a Síndrome do Ninho Cheio, a SNC, também os trazem, principalmente para a vida do casal (os pais), que durante muitos anos da vida matrimonial, se programaram para se dedicarem- se um ao outro, para viverem mais intensamente essa vida a dois, após os filhos se tornarem adultos. É um verdadeiro “banho de água fria”, pois joga por terra a construção de um projeto de vida a dois, pós adolescência.
As autoras Betty Carter e Mônica McGoldrick, em conjunto com outros colaboradores, escreveram o livro intitulado “As Mudanças no Ciclo de Vida Familiar”, por volta da década de 90. Elas descrevem nesse livro sobre a série de estágios pelos quais passam a instituição familiar. Nesse processo há uma necessidade de se ter um olhar mais criterioso e apurado, na condução dessas adversidades. A saída de alguns filhos da casa dos seus pais, representa para eles um grito de liberdade, uma desatar das amarras da saia da mamãe, ou do bolso do papai. Essa nova realidade, esse novo estilo de vida, para muitos é apenas uma maquiagem muito bem articulada, pois eles saem da casa dos pais, mas continuam na dependência deles.
Há uns tempos atrás, só era permitido aos filhos saírem da casa dos pais, após o casamento. Hoje essa realidade está cada vez mais em desuso. Hoje, principalmente na Europa e nos Estados Unidos, é quase raro encontrar jovens universitários residindo com os pais. Ao entrar para a Universidade, eles manifestam a necessidade de buscarem a sua independência, seja ela financeira ou pessoal. Aqui no Brasil, por questões culturais, ainda estamos caminhando a passos de tartarugas, ou seja lentamente. Ao sair da casa dos pais, alguns jovens se perguntam: O que vou fazer agora? Como vou me habituar com o gerenciamento da minha vida? Como irei administrar as minhas despesas? Como irei organizar o meu dia a dia, sem a presença dos meus pais?
Não é fácil enfrentar esses desafios, pois houve uma mudança avassaladora na vida de cada um dos filhos. É você trocar casa, comida, roupa lavada e organizada, pela administração de contas de água, luz, condomínio, supermercado, tudo isso ao final do mês. Por essas razões, é que esse momento decisivo, não pode ser tomado sem um planejamento, sem uma preparação. Sem esse trabalho bem estruturado, em vez da liberdade, haverá a instalação de momentos de angustia e apreensão.
Os motivos da saída jamais poderá ser transitório, isto é, proporcionado por uma briga com os pais, ou por uma paixão arrebatadora. As razões devem ser claras e objetivas, pois essa será uma decisão natural, sem o desgaste da falta de certeza quanto ao ato de querer mudar. Vejamos abaixo alguns sinais premonitórios, onde claramente se percebe, que chegou a hora de sair da casa dos pais. Eles são:
1-“ O Maldito” horário: quando você vai sair para curtir uma balada, os seus pais estipulam sempre o seu horário da volta. As vezes sua mãe liga “trocentas” vezes para o seu celular, exigindo o retorno, justamente na hora em que a balada está bombando. Os seus horários são incompatíveis com o dos seus pais.
2- O barulho: mesmo quando você chega tarde, e tem o cuidado de tirar os sapatos, e de fazer o máximo de silêncio, para não acordar seus pais, você busca o relaxamento e o descanso. Porém pela manhã, bem cedinho, você é despertado ao som do liquidificador, da TV, da conversa interminável ao celular da sua mãe com as amigas. Não há respeito pelo descanso alheio.
3- A bagunça: o seu quarto é bagunçado, mas você sabe tudo onde está, é a chamada “ bagunça organizada”. O filho acumula pilhas de roupas na poltrona, mistura as roupas usadas com as lavadas. Um caos, e os seus pais não param de reclamar. Seu quarto é o seu território.
4- A transa: hoje o apelo sexual é muito grande, na juventude os hormônios estão em ebulição. Por isso cada vez mais encontramos os filhos querendo buscar uma satisfação para a sua libido. Daí, muito comum os namorados quererem dormir juntos. Não é raro se ouvir aquela pergunta que não quer se calar: será que ele/ ela pode dormir aqui em casa? Os pais perdem o fôlego,suam frio, a pressão fica descompensada. O pensamento dos pais faísca, lampeja: meu filho(a) vai transformar a nossa casa em um motel.
Tudo isso e muito mais são alguns dos motivos para quem quer sair da casa dos pais. Porém existe um motivo fundamental, ele é o elemento principal para essa mudança. O que será? É o desejo de querer ter um local somente seu, com a sua cara, do seu jeito. Onde se encontre a sensação de liberdade e de independência. Cada pessoa necessita buscar e trilhar no seu próprio caminho, independente de qualquer situação. Se vai sair de casa, comece a planejar a sua nova vida, organize as suas finanças. Pesquise locais para alugar um imóvel que seja compatível com o seu rendimento. Não se desespere por não saber fritar um ovo ou fazer um suco de laranja. Peça ajuda, compre um livro de receitas, matricule-se em um curso de culinária e dívida com os seus pais essa sua experiência, durante a sua nova realidade.
Partilhe as suas vivencias, não como um SOS, mas como uma nova estrutura de vida. Sinalize para eles que você tirou as rodinhas de apoio da bicicleta da vida. Faça eles perceberem que o pintinho saiu debaixo das asas da galinha e do esporão do galo e que agora está ciscando em novo terreno. Que o pintinho começa a andar com as suas próprias patinhas, buscando realizar-se e ser feliz.
Essa é a trajetória daqueles que se encorajaram em romper, com os pés no chão, uma relação de dependência e de vulnerabilidade. Avante nessa proposta. Siga firme no propósito e seja Feliz.
Namastê

Fonte de pesquisa:www.minhavidacompartilhada.com.br
Trecho de palestra apresentada no C.E. Paulo e Estevão, em 2003.
Fonte da imagem: www.uol.com.br

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