sexta-feira, maio 17, 2024
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Descobri que o meu filho é gay! E agora o que vou fazer?

Por Dôra Paiva

 

Na semana próxima passada, atendi no nosso Espaço Terapêutico, uma grande amiga e também colega dos tempos de faculdade. Agitada, ela me solicitou um atendimento para ela, em caráter de emergência. Imediatamente busquei   agendar um horário para o nosso encontro, pois senti uma carga energética em alta voltagem, apenas pelo contato de áudio. No dia do atendimento, ao adentrar na sala, me deparei com uma jovem senhora, aos prantos, completamente desorientada.  Busquei harmonizá-la e logo em seguida iniciamos a terapêutica do ouvir para depois falar. Pensei com muita curiosidade, em uma gama de acontecimentos que poderiam deixar alguém naquele nível de desespero. Quando perguntei a ela, o que estava acontecendo, simplesmente ouvimos o grito estridente e desesperador, emitido por uma mãe, me dizendo: Descobri que o meu filho é gay! E o que faço agora?

O título da nossa matéria, reflete a angústia e o desespero que muitos pais vivenciam, quando descobrem a identidade sexual do seu filho(a). Embora atualmente haja um maior esclarecimento e divulgação, mesmo assim essa condição ainda se apresenta chocante para alguns pais. Estamos vivendo em uma época, onde os questionamentos sobre a sexualidade, estão cada vez mais compreendidos e aceitos pela sociedade, se compararmos com décadas atrás.

Se houve a descoberta de um filho gay, esse processo não deverá ser rotulado de desprezível ou de absurdo, visto que o gay agora desnudado, nunca deixará de ser filho(a) dos seus pais. Esse momento não deverá ser de desespero e de revolta e sim de aceitação e acolhimento. De nada adiantará expulsar de casa ou agir com reprimendas de graus variados. Nada mudará se houver esse nível de atitudes, pois só irão servir para ativar, o nível de revolta dentro deles pela não aceitação dos pais. Inclusive essas atitudes atuam como gatilhos facilitadores para a depressão, para a ingestão de álcool e ou substâncias ilícitas, mas também podem culminar com um trágico episódio: o suicídio.

Por que será que uma pessoa se interessa, por outra do mesmo sexo? Essa é uma pergunta muito capiciosa, pois não existe nenhuma comprovação científica de que a causa seja genética ou psicológica. Até o pai da Psicanálise, Sigmund Freud, em sua obra, quando aborda as questões sexuais, relata que assim como toda a sexualidade, o homossexualismo é multicausal, ou seja, não há uma causa e sim várias. Para mim a maior reflexão sobre esse assunto, quem nos traz é Michel Foucault, o grande filósofo francês.  Ele diz: “mais do que uma explicação para os gostos sexuais, o que os seres humanos mais precisam é de uma arte do bem viver. A arte do cuidar de si. E cuidar de si é uma prerrogativa para todos os humanos, sejam eles homo, hetero ou bissexual”.

A professora e filósofa Edith Modesto, descobriu há mais de 30 anos, que um dos seus filhos era gay. A descoberta para ela foi desesperadora. Porém ao se organizar emocionalmente, ela começa a buscar maiores informações sobre a homossexualidade e as suas nuances. Ela mergulha profundamente no processo de aceitação e de acolhimento. Durante essa trajetória de entendimento sobre o assunto, ela descobre que vários pais possuíam grandes e graves dificuldades em aceitar ter um filho gay.  Foi assim que ela resolveu criar uma ONG, denominada Grupo de Pais de Homossexuais. Essa instituição atende aos que sofrem e possuem dúvidas em relação da homossexualidade dos seus filhos. Isso aconteceu há 31 anos atrás e hoje Edith Modesto, encontra-se com 83 anos de idade, e ainda se dedica ao trabalho de ajuda e orientação aos idosos LGBTQIA+. Esse é um trabalho único no Brasil e que vale muito a pena ser divulgado.

Pois bem amigos, vamos começar a repaginar os nossos conceitos sobre a homossexualidade, seja dos nossos filhos ou dos outros cidadãos. Vamos aprender com eles que a identidade sexual, não o torna diferente, ela o torna especial. Alguns pais alegam que gostariam de serem avós, mas com seus filhos homo, esse estágio nunca irá se concretizar. Ledo engano, para amenizar essa situação a própria Ciência, resolveu dar uma ajudinha básica, olhem o caso do falecido Paulo Gustavo e seu marido Thales Brettas e agora o casal formado pela atriz Nanda Costa e pela musicista Lanh Lanh.

Depois de tudo que falamos, vamos levar para a nossa mente e para o nosso coração, um sentimento puro e suave. Um sentimento de acolher, de aceitar e de estar junto com. Ser homo, hetero, bi, ou outra denominação, não vai alterar em nada, pois o ser humano precisa como disse Foucault: é cuidar de si mesmo. Independente de preferências sexuais, vamos buscar entender e acima de tudo proteger, orientar e defender a integridade física e mental, dos nossos filhos. Pense nisso carinhosamente.  Namastê.

Referências:

Texto: www.personare.com.br

Imagem:www.personare.com.br

 

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