Drive-in: a nova velha realidade

Por Paulinho Goetze
@paulinhogoetze

Muito popular no Brasil nos anos de 1970, os Drive-Ins estão de volta. Após um longo período de decadência, e porque não dizer ostracismo, depois de cair em desuso por conta do aparecimento dos aparelhos de VHS (Video Home System) e dos terrenos cada vez mais caros, os espaços de Drive-In se tornaram uma alternativa para a tão falada “nova realidade” que nos obriga a manter distanciamento social por conta do controle da proliferação do novo Corovavírus.
Desde o início da pandemia muito tem se falado sobre o consumo de cultura. Ficou evidente que as várias manifestações de arte estão salvando todas e todos nós do tédio. Começou com a alta quantidade de lives no Instagram e no Youtube e, agora, o advento dos Drive-Ins trazendo novamente a experiência do “corpo a corpo” (ainda que mantendo distância).
O primeiro Drive-In do Brasil foi inaugurado em 1973, em Brasília, e se mantém até hoje sendo o único “sobrevivente”. Depois de fechar por um mês por conta do Coronavírus, voltou a funcionar em abril deste ano se tornando modelo nacional de entretenimento viável durante a pandemia.
As salas de cinema permanecem fechadas, assim como os teatros, casas de espetáculo e estádios de futebol, entretanto, com a necessidade de renovação para encarar o tempo sem aglomeração, outros espaços possíveis começaram a aparecer em todo o país. As principais capitais já estão com programação intensa até o fim do ano e Salvador não seria diferente. Começou em julho com a exibição de filmes antigos, a exemplo de Jurassic Park (1993), Mamma Mia! (2008) e Kung Fu Panda 3 (2016), com custo de R$90,00 por carro (lotação máxima de 4 pessoas por veículo). Na primeira semana, o Big Drive-In Salvador, que funciona no estacionamento do novo Centro de Convenções, contou ainda com show ao vivo da Banda Eva (com venda de ingressos que variavam entre R$90,00 e R$150,00 por carro, a depender do setor) e logo depois começaram também com os espetáculos de teatro, tanto infantis como adultos.

Se você ainda não foi, pode estar curioso pra saber como funciona.
Bem, a maioria da experiência é automatizada. A compra dos ingressos é 100% on-line e existe um aplicativo de cada evento em que tudo é organizado, desde o seu lugar de estacionamento até a fila virtual para o banheiro, a fim de evitar aglomerações. Também há venda de comida que funcionários devidamente paramentados levam até o automóvel. Na entrada é medida a temperatura de cada ocupante dos carros e o som, no caso dos filmes (sempre dublados), é sintonizado no próprio aparelho do veículo através de uma frequência exclusiva.
Eu pessoalmente tive muita dificuldade em entender as pessoas pagando caro pra assistir filmes antigos que provavelmente já viram. Pessoas amigas que foram me afirmaram que adoraram a “nova experiência”. Outra resistência que tive foi com relação aos shows. Não consegui conceber a audiência de um show dançante dentro do carro. Parece que meu anseio foi atendido, pois criaram uma área ao lado de cada veículo para que as pessoas possam sair e dançar. Ainda não fui.

Por enquanto parece que essa alternativa está dando certo. Abriram novos Drive-Ins em Salvador no estacionamento do Shopping da Bahia, no estacionamento do ICBA (Goethe-Institut), e no estacionamento da Bahia Marina, e as programações estão borbulhando. Em setembro teremos show de Jau no dia 12, espetáculo do ator e humorista Leandro Hassum no dia 18 e Nando Reis em show voz e violão no dia 19, só para citar alguns. Todos os ingressos são vendidos através do site Sympla. Parece que Cazuza tinha razão: “Eu vejo o futuro refletir o passado, eu vejo um museu de grandes novidades…” (O Tempo Não Para, 1988)

Do velho ao novo e de volta ao velho.
A cultura se renova! A arte salva! A arte cura!

E vocês? Já foram? O que acham dos drive-ins?
Até a próxima quarta!

Fontes:
Imagem 1: Site Fala Universidades, publicado em 16 de maio de 2020
Imagem 2: Site Alô Alô Bahia, publicado em 29 de julho de 2020
Imagem 3: Site Bahia Social Vip, publicado em 3 de agosto de 2020