Por Itto Eduardo
Por sorte, nasci em uma casa onde a música era assunto quase que diário. Meu pai contando e nos encantando com suas histórias de quando participava de grupos folclóricos como percussionista, embora nunca tenha vivido a música profissionalmente, ou minha mãe que durante muitos anos trabalhou como radialista. A casa era cheia de discos de vinil e eu me encantava com as fotografias das capas e as informações dos seus encartes. Limpar os discos com algodão e álcool era quase uma terapia para mim.
Em casa sempre tivemos instrumentos musicais, me lembro que quando criança o timbal era um visitante das manhãs de domingo. Meu pai sentava na varanda e tocava e cantava, lembro que “O trem das onze” do Adoniran Barbosa era a canção obrigatória no repertório. Nasci nesse ambiente musical, mas quando criança nunca passou por minha cabeça que um dia eu teria a música como principal atividade profissional.
Minhas influências musicais são as mais variadas possíveis, desde os grandes nomes da música brasileira, samba, MPB e bossa nova, passando por Raul Seixas e Luiz Gonzaga. Lá em casa se ouvia de tudo (ou quase tudo), passeávamos entre The Beatles e Heitor Villa-Lobos, caminhávamos ao ritmo das músicas da capoeira cantadas pelo meu pai que também é Mestre de Capoeira e muito mais. Com aproximadamente 8 anos de idade, eu e meu irmão que nasceu 2 anos antes de mim fizemos aula de musicalização infantil, a partir daí os instrumentos musicais começaram a ocupar os mesmos espaços que os brinquedos. Foi aí que a música começou a ganhar forma na minha vida. Nos primeiros anos da minha adolescência ganhei um cavaquinho de presente e conheci garotos do bairro que também tinham uma inclinação para a música. Um primo que nasceu uns 12 anos antes de mim, tocava violão e tinha amigos que tocavam em bandas de Axé Music. Na escola eu sempre estava com a turma do violão e comecei a tocar em pequenos grupos e tal.
No ensino médio, tinha as oficinas de música que eram oferecidas no turno oposto às aulas regulares. Comecei a fazer aulas de violão erudito e me aproximar da música instrumental como o Jazz e o Chorinho frequentando a Roda de Choro que acontecia no Cabaré dos Novos, no Teatro Vila Velha, além de frequentar a Jam no MAM no Solar do Unhão. Ao finalizar o ensino médio eu sabia que a música nunca mais sairia da minha vida, mas ainda sem saber em que proporção. Continuei os estudos de violão erudito na Escola de Música da UFBA por mais 2 anos, quando resolvi então prestar vestibular para o curso de Bacharelado em Violão, dando seguimento ao que já estudava a 4 anos. Durante a graduação participei de programas da própria universidade, sendo bolsista do PIBIC – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica, e como professor de violão no Curso de Extensão da Escola de Música. Nesse período da graduação trabalhei com algumas bandas tocando guitarra e acompanhando alguns cantores e cantoras como violonista. Participei da Orquestra de Violões da Bahia entre outros projetos.
No meio da graduação resolvi que queria mudar de curso, então realizei o processo de transferência interna para o curso de Licenciatura em Música no qual me formei. Atualmente minha atuação profissional está mais ligada à Educação Musical do que à pratica como instrumentista. Alguns anos atras, no meio do curso de Pós-Graduação, me aproximei e me apaixonei pela fotografia, atividade que tem ocupado cada vez mais espaço em minha vida. Enfim…