Por Dôra Paiva
No próximo domingo, dia 13 de agosto, estaremos comemorando o Dia dos Pais. Embora essa data não possua a mesma pegada marketeira do Dia das Mães, ela é muito apreciada pela maioria dos brasileiros. Nos últimos anos, percebemos que um novo contexto foi se inserindo e se firmando, em relação aos Pais e ao seu papel na sociedade. Essa estrutura que é recém implantada, trouxe uma conotação do novo padrão comportamental, em relação à paternidade. Trata-se se um novo desafio, que a cada dia vai se tornando uma grande realidade, no mundo e principalmente aqui no Brasil. Trata-se do Pai Solo, figura de grande importância para a organização de um núcleo familiar. E afinal o que é o Pai Solo?
Pai Solo, é aquele pai que cria, o seu filho sem a presença de uma mãe. Essa nova realidade desafiadora, vem a cada dia tomando corpo e se firmando junto à população masculina. Os dados do IBGE, confirmam que houve um considerável avanço no percentual de Homens que assumiram a responsabilidade de criar, educar e direcionar um filho, de uma forma SOLO, sem a presença física de uma mãe. Vários exemplos encontramos em nosso Brasil, porém esta matéria estará dando ênfase a um Pai Solo, que vem encantando e incentivando aos homens a assumirem esse comando. Estamos falando do Erasmo Coelho, um pedagogo, nascido no Rio de Janeiro, solteiro e possuidor de um sonho muito pertinente. Até 2019, esse educador possuía uma vida estabilizada e totalmente voltada para a sua atividade laboral. Porém desde muito jovem, o mesmo alimentava o sonho de ser pai, de ter um filho, de ter a sua própria família.
Foram anos de estudos e análises sobre a questão da paternidade. No momento em que se sentiu preparado para assumir essa sua nova condição, inscreve-se no processo de adoção. Foram praticamente dois anos de encontros e conversas virtuais, pois estávamos no auge da Pandemia. E assim começa a trajetória do Erasmo, em busca do seu sonho. Os dias e os meses, foram se processando, até que em uma determinada ligação, trouxe a culminância de um processo recheado de persistência, fé e esperança. Foi dessa forma que um facho de luz, que só era visualizado virtualmente, enfim pode ser visto e tocado fisicamente. E assim, no Estado de São Paulo, essa dádiva aconteceu e a gestação no Coração foi finalizada, com a chegada do Gustavo, um bebê de 11 anos, que nasceu para iluminar a vida do seu novo protetor: o seu pai Erasmo. O “parto” aconteceu debaixo de um clima de intensa emoção. Enfim um sonho realizado. Começa agora a saga arrebatadora de Amor, Dedicação e Superação. E quais serão os desafios que um Pai Solo pode enfrentar? Quais as etapas que o Erasmo teve que superar?
Como em qualquer tipo de relacionamento, que se inicia, muita atenção e sabedoria, tem que ser lançada para poder lidar com o outro, com o novo. Para o Erasmo, como Pai Solo, assim como também para o Gustavo, se inicia um novo tempo, uma nova era, uma verdadeira garimpagem no acervo pessoal e emocional de ambos personagens. Pelo fato da adoção do Gustavo, ser denominada Tardia, muitos caminhos desafiantes, começam a serem desenhados e trilhados.
OS GRANDES DESAFIOS: falar de Desafios em relação a um Pai Solo, é por essência um ato desafiador (desculpem a redundância). Isto porque, ser Pai Solo de um bebê de 11 anos, é realmente uma missão de relevância. Algumas crenças e limitações, já povoam a Casa Mental desse ser. Comportamentos controversos, costumes inadequados, vão precisar serem adequados à nova realidade. Tudo isso com muita sabedoria e inteligência. O desconstruir para depois construir, é realmente uma etapa desafiante. Mas o cuidado, o olhar amoroso e sincero contribuem para a ressignificação. Sem alardes e estresse, aos poucos o novo modelo de vida, vai sendo confeccionado e moldado. Esse primeiro desafio, é primordial para a configuração do papel do PAI SOLO.
O segundo desafio também é de suma importância, pois ele vai quebrar um paradigma. A sociedade, rotulou o Homem como o mantenedor das despesas da família. Tirando dele a possibilidade de dirigir e organizar o núcleo familiar. Essa é uma visão cruel, preconceituosa e altamente injusta para com os homens. Sabemos que existem pais que são meros reprodutores, assim como também existem as mães, que também são omissas e irresponsáveis. Não podemos entretanto, fazer dessa condição uma regra generalizada.
Muitas coisas poderíamos aqui citar, mas a minha tarefa nesta matéria é mostrar que o Pai Solo, é verdadeiro e real. Que ele pode, dentro dos seus limites, conduzir, orientar e ensinar aos seus filhos, a verdadeira essência da vida. Sem floreios, sem magias, sem receitas prontas, poderemos ter uma família monoparental, dirigida por um Pai Solo, onde as construções sejam frutos de um trabalho contínuo e permanente. A saga do Erasmo e do Gustavo, ainda se encontra em plena construção, pois à medida que o tempo passa, novos modelos, novas configurações surgem e elas precisam serem adequadas e incorporadoras ao novo padrão.
Agradeço imensamente ao Erasmo Coelho, por ter-nos permitido relatar a sua experiência como Pai Solo. E a todos indistintamente, solicito que veja esse novo modelo de família, que está sendo conduzida por um Pai Solo, como um novo ciclo de vida. Um novo tempo, uma nova era. Pense nisso carinhosamente. Namastê!
Referências:
Esse é um texto autoral, embasado nas inúmeras reportagens nos diversos veículos de Comunicação.
Imagem: retirada do acervo pessoal do Erasmo Coelho.