Por Paulo Roberto Reis
Instagram: @psipaulorobertoreis
O uso excessivo de telas afeta diretamente a saúde mental, independentemente da idade. A nomofobia é um termo utilizado para designar o medo irracional de ficar sem o celular ou de ser impedido de usá-lo. Segundo Leihge Roselle, que é psicóloga especialista no assunto, a nomofobia: “se refere ao medo ou ansiedade pela falta de uso do celular, e quando causa sensação de medo, irritabilidade e prejuízo na vida, como falta de sono e dificuldades no trabalho, na escola e principalmente nas relações sociais.” Outros estudiosos avançam na temática, e ampliam o conceito para se referir não apenas ao celular, mas a qualquer outra tecnologia. Desse modo, nomofobia seria o medo (fobia) de ficar sem usar a tecnologia (No Mobile, no inglês).
Em suma, quando tratamos de nomofobia estamos relacionando o uso da tecnologia e a saúde mental. Embora o termo nomofobia não seja reconhecido – ainda – pelo Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos mentais (DSM -5), muitos estudiosos já identificam essa relação de dependência do uso excessivo da tecnologia como um transtorno mental devido os prejuízos significativos na vida do indivíduo, dentre eles, baixa autoestima, hiperatividade e desregulação da ansiedade.
A pessoa com nomofobia quando se vê impossibilitada de acessar alguma tecnologia [é muito comum com a falta de uso de aparelho celular] sente-se em perigo, e logo começa um mal-estar generalizado. O corpo gera reações somatizando uma série de dificuldades e desconfortos emocionais e comportamentais. Nesse processo, há outras reações presentes, como, sudorese em excesso, desarranjo intestinal, secura na boca, enjoos, dor de cabeça e outros sintomas. Além disso, as funções executivas também ficam prejudicadas. Há pessoas que não conseguem se concentrar, memorizar ou até mesmo dormir.
Para reestabelecer o controle emocional é preciso conhecer e identificar os gatilhos que são disparados quando a pessoa fica em estado de nomofobia. A psicoeducação é uma das ferramentas capazes de ajudar o indivíduo a compreender o processo de nomofobia como um transtorno psicológico. Na psicoterapia, há recursos para tratar do estado de qualquer fobia. Será muito importante a ajuda de um profissional de psicologia frente ao adoecimento mental de um indivíduo que não consegue lidar de maneira saudável com a tecnologia. Em alguns casos, o tratamento medicamentoso será imprescindível, sobretudo para reduzir os danos causados pelo alto nível de ansiedade. Se você sente medo de ficar sem o celular ou qualquer outra tecnologia, fique em alerta e busque ajuda!
Reflexão autoral de Paulo Roberto Santos Reis Soares, mestrando em Estudos de Linguagens (UNEB), graduado em Psicologia e Teologia (UCSAL), pós-graduado em Gerontologia e Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC), e pós-graduando em Neuropsicologia. Atua como psicólogo clínico, com foco na saúde mental da pessoa idosa prestando atendimento online e presencial; psicólogo das organizações e do trabalho e palestrante.
Referências
Especialistas defendem legislação para combater dependência tecnológica. Disponível em: https://www.camara.leg.br/radio/radioagencia/975505-especialistas-defendem-legislacao-para-combater-a-dependencia-tecnologica/ Acesso em 02 de maio de 2024.
Sem limite de idade: uso excessivo de telas piora saúde mental de diferentes gerações Disponível em: https://ufmg.br/comunicacao/noticias/sem-limite-de-idade-uso-excessivo-de-telas-piora-saude-mental-de-diferentes-geracoes#:~:text=O%20uso%20excessivo%20de%20telas,Faculdade%20de%20Medicina%20da%20UFMG. Acesso em 02 de maio de 2024.
IMAGEM/FONTE: Arquivo Diário do Nordeste. Disponível em: https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/metro/o-que-e-uma-pessoa-viciada-em-celular-e-whatsapp-os-tratamentos-existentes-no-ceara-