domingo, abril 28, 2024
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As redes sociais como esp@ço de expressão e liberdade do desejo sexual

Por Dr. Francisco Neves

Nas duas últimas décadas houve uma grande mudança nas nossas práticas culturais, em particular, na nossa prática cultural sexual. Novas contingências criaram novos paradigmas. Uma variável importante nestas mudanças está ligada a comunicação. Hoje nosso planeta é uma grande aldeia global. A internet, os smartphones, a telefonia celular e suas várias tecnologias e aplicativos proporcionam uma rápida comunicação entre as pessoas (Pedrosa, 2013).

Segundo a Internet Word Stats, em julho de 2008 havia 1, 5 bilhões de usuários de internet no mundo em todas as regiões. No Brasil, até 2010, segundo o Ibope/NetRatings, éramos 45 milhões conectados, e desses 24,4 bilhões eram usuários residenciais e, esse número vem aumentando a cada ano. Em 2023, o Brasil registou a marca de 156 milhões de pessoas conectadas à internet pelo computador ou celular, isso equivalente a 84% da população do país (Lemos & Lévy, 2010; TIC Domicílios, 2023).

Um homem pré-histórico não teria podido imaginar o mundo contemporâneo, suas instituições, suas ciências, e suas técnicas. Ora, visto a velocidade alcançada hoje pela evolução cultural, somos, então, talvez os homens pré-históricos de nossos netos. Somos muito mais capazes de evoluir, ou seja, de estarmos abertos às mudanças dos sentidos e da liberdade do que poderíamos imaginar (Lemos & Lévy, 2010). 

Privadas de liberdade, as pessoas aprisionadas sabem o que lhes falta, enquanto aqueles que podem circular e comunicar a seu bel-prazer tem a tendência de esquecer que possuem um bem precioso: a capacidade de comunicar e de circular está em estreita relação com o sentimento de liberdade, entendida aqui como ausência de controle aversivo e censura sexual. No século XXI, não apenas as redes sociais cresceram, mas também a democracia nos ambientes virtuais (Lemos & Lévy, 2010) que vem servindo como espaço de expressão de vozes e discursos historicamente punidos.

A emergência das redes sociais, novo salto na história da comunicação, transformou a vivência no tempo e no espaço. A velocidade ordinária da evolução cultural cedeu lugar ao tempo real, instantâneo, de troca de informações multimidiáticas, que interferiu de forma significada nas relações humanas (Lemos & Lévy, 2010)

As redes sociais é provavelmente o sistema de comunicação que se expandiu com rapidez em escala planetária em toda a história da humanidade. Certamente existe ainda muitos excluídos, mas convenhamos, uma ligação simultânea entre diferentes e iguais, seria ainda impossível hoje, embora seja, a cada dia, possível e desejável (Lemos & Lévy, 2010) 

Hoje, por exemplo, encontrar pessoas que tenham afinidades semelhantes as nossas é fácil e a tendência é ficar mais fácil no futuro. Então, a busca do reforço sexual ficou enormemente facilita pela tecnologia. E imaginar que no século passado os homossexuais, por exemplo, tinham que se encontrar em lugares públicos ou guetos. Hoje, graças às contingências dispostas pela tecnologia, mulheres e homens (lésbicas, gays e héteros) podem conhecer parceiros sexuais na “net” e marcar minutos depois um encontro para conversar ou mesmo buscar sexo. Eles se saciam fazendo o sexo virtual ou o real, sem muito esforço (Pedrosa, 2013)

Por outro lado, implicações negativas podem dificultar a construção de relações afetivo-sexuais duradoras. A mudança no ambiente cultural muda o nosso comportamento na medida em que somos controlados pelo ambiente e ele influencia o nosso comportamento a todo o momento, isto é, uma pessoa conectada à internet, através de um smartphone ou computador, que tem acesso a uma gama imensa de possibilidades e variedade de parceiros (as) fica difícil ele/ela querer estabelecer uma relação estável (mais comum nos grandes centros). A relação estável concorre com a variedade de possibilidade de se obter o reforço sexual, ou seja, ter vários parceiros sexuais, o que é reforçador para a grande maioria (Pedrosa, 2013).

Você deve estar se perguntando: como ficam as relações? A relação estável, com um só parceiro, sucumbiu? Será que o futuro nos reserva relações abertas? Novos arranjos de parcerias serão estabelecidos. É muito difícil prever o que acontecerá exatamente no futuro. Façamos, então, no presente o que a vida nos permite fazer. Sejamos pragmáticos (Pedrosa, 2013). 

Dito de outra forma, se permita, dê uma chance às contingências, considere os milhares de anos que a humanidade (você) passou reprimindo a expressão do desejo sexual. As redes sociais facilitam contingências sexuais, o mais reforçador é a sensação de liberdade, e se, no momento do acesso, você estiver sob contingências “seguras e livres” viaje na sua imaginação, porque vivenciar a sexualidade, seja como for, além de ser legal, é saudável. 

 

Referencias

TIC Domicílios (2023). Pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação nos domicílios brasileiros: https://cetic.br/media/analises/tic_domicilios_2023_coletiva_imprensa.pdf

Lemos, A., Pierre Lévy, P. (2010). O futuro da internet. 2ª edição. Paulus.

Pedrosa, J. B. (2013). Psicólogo Pedrosa Responde: Quero namorar, mas gays só querem sexo! O que faço? http://acapa.virgula.uol.com.br/colunas/psicologo-pedrosa-responde-quero-namorar-mas-gays-so-querem-sexo!-o-que-faco/10/69/21673 

 

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