Por Suzane Soares
Estatísticas de gênero divulgadas pelo Instituto Brasileiro de geografia e Estatística o IBGE, demonstram quadros alarmantes sobre o papel e como e tratada a mulher no Brasil. Em matéria atualizada em março de 2021, pela agência de notícias o órgão, em 2019 o nível de ocupação das mulheres de 25 a 49 anos vivendo com crianças de até 3 anos de idade foi de 54,6% e o dos homens foi de 89,2%. Em lares sem crianças nesse grupo etário, o nível de ocupação foi de 67,2% para as mulheres e 83,4% para os homens.
As mulheres pretas ou pardas com crianças de até 3 anos de idade no domicílio apresentaram os menores níveis de ocupação: 49,7% em 2019. Em relação a cuidados de pessoas ou afazeres domésticos, as mulheres dedicaram quase o dobro de tempo que os homens: 21,4 horas contra 11 horas semanais. A proporção em trabalho parcial (até 30 horas semanais) também é maior: 29,6% entre as mulheres e 15,6% entre os homens. Na população com 25 anos ou mais, 15,1% dos homens e 19,4% das mulheres tinham nível superior completo em 2019.
Esses dados demonstram que mesmo instruídas as mulheres tem a desocupação formal ampliada quando tem filhos em menos idade, que ainda são as grandes responsáveis pelos serviços domésticos e que estão cada vez mais instruídas. Na parcela da população preta e parda esses números são piores, trazendo mais pobreza e sobrecarga para esse grupo quando a cor passa a fazer o recorte estatístico e social.
Com a pandemia em escala global, as crianças não podem mais frequentar creche ou escola. Para as mães que não tiveram como aderir ao teletrabalho, esse é um problema complexo, pois a maioria não tem estrutura adequada para deixar os filhos e ir ao serviço e para as que estão em home office, a situação também é complicada pois conciliar mais gente em casa, o cuidado com os filhos o auxílio nas atividades escolares remotas e o expediente, faz com essas mães ampliem os papeis e sobrecarga até porque na maior parte dos lares filhos não possuem botões automáticos e maturidade necessária para entender que a mamãe precisa participar de mais uma reunião ou entregar mais um relatório depois de lavar os pratos do almoço. Até mesmo que brincar naquele momento não é possível. Apenas um colinho e um pedido de paciência são possíveis diante das tantas câmeras ligadas.
A sobrecarga é muito perigosa. Diminui desempenho, aumenta ansiedade, preocupações, cobranças, fadiga e traz prejuízos a saúde.
Mulheres, mães e profissionais dedicadas foram ouvidas pela coluna e passaram suas impressões:
Guerreiro, A. M, Administradora afirmou que “se vê como profissional mediana e mãe mediana, que não se sente feliz. “Quando sou boa mãe sou péssima profissional e vice-versa, meus filhos e líderes percebem isso, além de não conseguir encaixar a mulher. Não sobra tempo para os três papéis.” Já Amorim, M.A.B, Pedagoga, relata que “os desafios e dificuldades são a falta de tempo para cuidar da saúde e da higiene mental, mas que ainda assim é muito bom ter autonomia financeira e que a carreira faz a mulher se sentir útil na carreira, realizando atividades com propósito e significado.
Sobrecarregadas a alta produtividade se distancia da profissional, mãe e mulher. A mulher está em uma desvantagem e isso precisa ser revisto urgentemente, essa desigualdade foi ampliada com a pandemia. As empresas precisam ter clareza dos indicadores de desigualdade de gênero para ajudarem a corrigir isso. Precisamos de lideranças comprometidas para construir a igualdade de gênero dentro do mercado de trabalho. Mães tem significado e importância para seus filhos e mesmo não sendo perfeitas, fazem sempre o melhor com os recursos que tem e isso deve ser celebrado com a aproximação do dia simbólico das mães. Parabéns, guerreiras!