Por Daniela Albuquerque
Cresceu o número de pacientes no consultório de dermatologia com queixa de queda de cabelo intenso após cair a covid-19. Pesquisas indicam que Pós-Covid-19: queda de cabelo atinge 1 em cada 4 pacientes.
Nos salões de cabeleireiro e nos consultórios, tem sido relativamente comum ouvir relatos de queda de cabelo acentuada de pessoas que já testaram positivo para o coronavírus. Esta seria uma das possíveis sequelas deixadas pela chamada Covid-19 persistente (ou Covid longa). Segundo estudos de universidades dos Estados Unidos, México e Suécia, o quadro pode atingir 25% dos pacientes.
O eflúvio telógeno é uma condição que modifica as fases de crescimento do cabelo e, consequentemente, causa a queda precoce dos fios. O cabelo cresce em três fases: a anágena, o catágeno e o telógeno. Cada uma tem um papel essencial e é responsável por manter o crescimento dos fios, assim como a sua renovação.
Eflúvio telógeno agudo: sua causa está associada a algum evento que aconteceu três meses antes do início da queda. Isso porque o período de preparo para a queda dura de dois a três meses e os fios se desprendem ao final desse ciclo. Esses eventos, ou gatilhos, convertem um percentual maior de fios para a fase de queda. Sendo assim, ao invés de termos 100-120 fios caindo diariamente, temos 200-300 fios, dependendo do paciente e da causa do eflúvio. Os eventos mais associados à queda são: pós-parto, febre, infecção aguda, sinusite, pneumonia, gripe, dietas muito restritivas, doenças metabólicas ou infecciosas, cirurgias, especialmente a bariátrica, por conta da perda de sangue e do estresse metabólico, além do estresse. Algumas medicações também podem desencadear o problema. Tudo isso pode interferir na proporção dos fios na fase de queda. Em geral, 70% dos casos têm o agente descoberto. Já nos 30% restantes a causa acaba por não ser definida.
Eflúvio telógeno crônico: a fase na qual os fios caem muito, se assemelha à versão aguda. Porém, em longo prazo, é diferente. Há ciclos de aumento dos fios na fase de queda, de forma cíclica, uma ou duas vezes por ano, ou a cada dois anos, dependendo do paciente. Conforme o tempo passa, o paciente fica com o cabelo mais volumoso na base e menos volumoso no comprimento. O cabelo fica mais curto e com o “rabo de cavalo” mais fino. Se o paciente só tiver essa condição, não ficará com o cabelo ralo no couro cabeludo. Porém, seu problema pode estar associado a outras condições que causam rarefação dos fios. De qualquer forma, se perde muito volume e comprimento. O problema nem sempre tem causa definida, mas sabe-se que está associado a doenças autoimunes, dentre elas, a mais comum é a tireoidite de Hashimoto.
O eflúvio é autolimitado, ou seja, tem uma duração predeterminada de dois a quatro meses, caso não haja outra doença associada. E, de um dia para o outro, há uma aparente melhora.
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Na teoria, não seria preciso tratamento. Porém, se o paciente tem alguma condição associada, como alopecia androgenética (calvície) ou a alopecia senil (rarefação que surge após os 60 anos), em geral, costuma-se tratá-lo para que possa ter plena capacidade de recuperar o volume e o comprimento dos fios. É importante lembrar que não há um tratamento específico. Algumas medicações, que são estimuladoras do crescimento capilar, podem ser associadas para acelerar esse processo de recuperação. Se o paciente for saudável, e sem doença prévia do couro cabeludo, terá plena capacidade de recuperação. O prognóstico em geral é bom, mas é sempre indicado que a pessoa procure um dermatologista para conhecer melhor seu caso, e se há a necessidade de tratar alguma possível doença de base associada. Ou, ainda, se é preciso descobrir algum fator que possa estar associado à queda, como na área alimentar, seja por uma deficiência de ferro ou vitaminas, ou em razão de dietas hiperproteicas, as quais temos visto mais pessoas aderindo a cada dia. O paciente precisa ser bem orientado para saber o que faz bem para seu metabolismo e ciclo capilar.
Bibliografia: