Por Teo Gelson
O ano era 1989. A banda gaúcha Nenhum de Nós já tinha estourado pelo Brasil com a música Camila, camila, lançada em 1987, no disco homônimo. Estavam em estúdio gravando seu segundo trabalho, Cardume, quando tiveram um pequeno problema. “Por uma coisa boba, nem me lembro por qual motivo, nos desentedemos rapidamente com o produtor do disco. Aí todo mundo iria sair do estúdio, dar um tempo para retomar. Mas então resolvemos tocar algumas músicas, só para dar uma aliviada no clima e pedimos para serem gravadas. E uma delas foi Starman, do David Bowie”, revela o baterista da banda Sady Homrich.
Para a suspresa geral, assim que o mal-estar foi contornado, o produtor ouviu a gravação e tomou uma decisão que mudaria a vida do então trio, formando ainda pelo vocalista e baixista Thedy Corrêa e pelo guitarrista Carlos Stein. “Ele gostou da nossa versão, mas pediu para fazermos em português. Se não desse certo, iria em inglês mesmo, mas a música estaria no disco”, disse o músico.
Mais que um bastião de um estilo ou de um modismo, o cantor passeou, em alto estilo, por várias vertentes da arte. Criou moda, alterou comportamentos, gravou hits, apareceu bem nas telonas, mudou, se reinventou, influenciou, foi regravado por inúmeros artistas, desde Information Society a Bruce Dickinson. Ainda esteve em parceiras com nomes enormes da música internacional, como Queen e Mick Jagger, por exemplo. Conquistou o respeito do Show Business mundial.
E sempre com seu trabalho à frente, sem se promover, sem tirar proveito de nenhuma situação, inclusive da doença, na hora da morte. Saiu de cena da mesma forma como começou, discreto, sem alarde. “Referências não se perdem, se somam”, reflete Sady, lembrando que, acima de tudo, a obra permanece para futuras gerações.
Crédito da foto: Moisés Betim
Fonte: https://www.uai.com.br/