Por Teo Gelson
Sua exímia qualidade vocal e rítmica, seu carisma e domínio do palco e do público lhe garantiram um estrondoso sucesso durante as décadas de 60 e 70 e o colocaram entre os maiores nomes da nossa música popular brasileira de todos os tempos.
Por isso, para celebrar o dia de hoje, preparamos uma lista com 10 curiosidades sobre este grande artista da nossa história.
4ª Maior Voz Brasileira de Todos os Tempos
Artista completo – conhecido como um showman ou um entertainer – Simonal foi eleito a quarta maior voz brasileira de todos os tempos, segundo lista da Revista Rolling Stone Brasil de 2012.
Chefe de Torcida e Cantor da Banda de Baile do Quartel
Na adolescência seus planos de formar um conjunto musical foram interrompidos quando foi convocado a servir o 8º Grupo de Artilharia de Costa Motorizado, quartel famoso pelo seu ativo time de futebol e por sua banda. Mas nada é por acaso: foi lá que Simonal aprendeu a comandar plateias e dominar o público como ninguém, já que era chefe da torcida do time e participava dos bailes como cantor da banda. Quando saiu do exército, foi logo formar o seu primeiro conjunto musical: Dry Boys, chamando a atenção de Carlos Imperial.
Intérprete antenado nas novidades
Simonal foi o segundo intérprete na história a gravar Caetano Veloso, ficando atrás somente da irmã dele, Maria Bethânia, ainda não tão conhecida na época. Simonal gravou a mesma canção que Bethânia e no mesmo ano, De Manhã, em um compacto de 1965. Ele também foi o segundo a gravar Chico Buarque, com a canção Sonho de Um Carnaval, no mesmo ano, depois de ser gravada por Geraldo Vandré. Além disso, foi ainda o primeiro a gravar Toquinho, com a canção Belinha. Tudo isso só mostra o quanto o intérprete era antenado com o que de mais novo e de melhor qualidade vinha sendo feito em termos de música no Brasil.
Nas Telinhas
Em 1966, três anos após lançar o seu primeiro disco, Simonal passou a ser atração fixa no programa de Elis Regina e Jair Rodrigues, O Fino da Bossa, na TV Record e também a fazer participações no programa da Jovem Guarda. Neste mesmo ano, entrou para a trilha do primeiro filme de Os Trapalhões e logo tornou-se um sucesso nacional. Ainda em 1966, Simonal estreou o seu programa, Show em Si… Monal (que, depois de um tempo – passou a se chamar Vamos S’imbora), na TV Record. Entre os roteiristas estavam Miele, Bôscoli, Carlos Imperial e Jô Soares. Em 1965, Simonal já tinha apresentado o programa Spotlight na TV Tupi.
Em maio de 1969 os cantores Wilson Simonal e Milton Nascimento durante ensaio para o programa “Show em Si… monal” em São Paulo. / Foto: Estadão Acervo
5 – Rei da Pilantragem
A partir de 1966, o pianista César Camargo Mariano (que foi marido de Elis Regina e é pai de Maria Rita e Pedro Mariano) tornou-se o principal arranjador das canções de Simonal. Os dois, junto com Carlos Imperial e Nonato Buzar, formaram um movimento, comandado por Simonal, batizado de Pilantragem. A ideia era misturar bossa nova, samba, a nascente música soul americana, o jazz, a música de protesto e o rock que se já fazia por aqui na época com a Jovem Guarda, sem perder a qualidade, mas fazendo um som que era diferente de tudo isso, que eles definiam como “mais comunicativo” – isto é – que se comunicasse melhor com as massas, que fosse mais popular. A elaboração de arranjos e repertórios buscava a união do bom gosto com a comunicação imediata. Foi nessa linha que Simonal gravou Carango, Mamãe Passou Açúcar em Mim, Meu Limão, Meu Limoeiro, Vesti Azul, Nem Vem Que Não Tem e tantas outras canções de sucesso de sua carreira.
6 – Hino de luta contra o preconceito racial
Em 1967, Simonal compôs – com Ronaldo Bôscoli – a música que viria a ser um hino da luta contra o preconceito racial: Tributo a Martin Luther King, grande ícone e referência na luta pelos direitos civis americanos. César Camargo Mariano fez os arranjos e a canção foi gravada em compacto no mesmo ano, mas só pôde ser lançada 4 meses depois, por conta da censura. Na entrega do Troféu Roquete Pinto naquele ano, Simonal fez um discurso histórico sobre esta composição: “Essa música, eu peço permissão a vocês, porque eu dediquei ao meu filho, esperando que no futuro ele não encontre nunca aqueles problemas que eu encontrei, e tenho às vezes encontrado, apesar de me chamar Wilson Simonal de Castro.”
Simonal é pai dos cantores, compositores, multi-instrumentistas e produtores Wilson Simoninha e Max de Castro, que carregam com maestria o seu legado na música.
7 – Intérprete queridinho de todos
No histórico III Festival da Música Popular Brasileira, em 1967, Simonal foi indicado como intérprete por tantos compositores que a organização abriu uma exceção para que ele apresentasse uma música em cada uma das três eliminatórias. Então, o cantor defendeu Balada do Vietnã, de Elizabeth Sanches e David Nasser, O Milagre, de Nonato Buzar, e Belinha, de Toquinho e Vítor Martins.
8 – Alegria, Alegria!
Ainda em 1967, Simonal lança o disco Alegria, Alegria, o primeiro de uma série de quatro discos que o artista lançou com esse nome, vindo de um bordão que ele utilizava nos shows e que Caetano Veloso usou para nomear sua música de imenso sucesso, que apresentou no festival do mesmo ano. Nesse disco, que conta com barulho de interação e palmas da plateia e com cantigas de roda, estão grandes sucessos da Pilantragem.
9 – Os maiores sucessos
Em 1969 Simonal gravou o que veio a ser o maior sucesso comercial de sua carreira: a música País Tropical, de Jorge Ben Jor. Jorge queria dar a composição para Gal Costa, mas Simonal gostou tanto da música que insistiu em gravá-la e ainda inseriu algumas particularidades, como o último refrão em que cantava apenas a primeira sílaba de cada palavra, o célebre “patropi”, termo utilizado até hoje para fazer referência ao Brasil.
Sá Marina – de Antônio Adolfo e Tibério Gaspar – é segunda música de maior sucesso de Simonal e tornou-se o maior cartão de visitas de Simonal no exterior, tendo sido gravada por nomes como Sérgio Mendes e Stevie Wonder e rendendo ao artista turnês internacionais de sucesso.
10 – O maior contrato publicitário até aquele momento
Também em 1969, a empresa Shell patrocinou uma turnê de Sérgio Mendes no Brasil. O pianista brasileiro, que fazia muito sucesso e residia no exterior desde 1964, veio se apresentar no país e encerrou a turnê em um show a preços populares no Maracanãzinho, contando com a presença de outros artistas como Jorge Ben Jor, Gal Costa, Milton Nascimento e Wilson Simonal, que foi o último a se apresentar antes da entrada triunfal de Sérgio Mendes.
Acontece que Simonal fez tanto sucesso com as clássicas canções que apresentou em seu show e com a forma com que dominava a plateia de 30 mil pessoas como se fossem parte de seu coro – dividindo as vozes em Meu Limão, Meu Limoeiro, da mesma forma que fazia em seu programa – que acabou sendo mais ovacionado que o próprio Sérgio Mendes, estrela da noite.
A Shell ficou encantada com Simonal e fechou com ele um dos maiores e mais altos contratos da história da publicidade até aquele momento. Simonal tornou-se garoto propaganda da marca e seu sucesso, popularidade, influência só cresciam a cada dia, atingindo o auge naquele momento.
Fonte? https://novabrasilfm.com.br/