Por Paulo Roberto Reis
Instagram: @psipaulorobertoreis
Profissionais de saúde e pacientes veem os problemas de saúde de maneiras muito diferentes, já que suas concepções estão baseadas em premissas distintas. Para o pacientes e seus cuidadores, o adoecimento envolve experiências subjetivas de mudanças físicas, psíquicas, emocionais e sociais. Diante disso, para entender o processo de adoecimento, o indivíduo enfermo e seus cuidadores buscam um diagnóstico. O diagnóstico é aquela notícia que altera drástica e negativamente a perspectiva da pessoa em relação ao futuro.
Dentre os objetivos do diagnóstico em saúde, podemos destacar a identificação das causas e o planejamento do tratamento do paciente. Não é uma tarefa muito fácil realizar um diagnóstico. Faz-necessário um processo complexo de inquirição, capaz de articular hipóteses, bem como compreensão do estado em que a pessoa se encontra. Em alguns casos, leva-se em consideração aspectos da história clínica, exames físicos, exames laboratoriais, exames de imagens, testes psicológicos e outros. Daí a relevância de se procurar um profissional qualificado para realizar um diagnóstico adequado.
O procedimento do diagnóstico, geralmente, inicia-se a partir das queixas do paciente, após toda a anamnese, onde a coleta dos dados de vida da pessoa é feita. As informações dizem respeito ao histórico de vida, sinais, sintomas, dores, preocupações, além de todo tipo de situação envolvida com aquilo que se investiga. Após a testagem das hipóteses, os profissionais de saúde chegam a um possível diagnóstico. Por isso, que o diagnóstico é um dos pontos iniciais para um tratamento exitoso.
Outrossim, um momento importante para o paciente é a comunicação desse diagnóstico. Nesse sentido, o profissional de saúde deve ter algumas habilidades para informar ao paciente e seus familiares um determinado diagnóstico. A comunicação deve ser pautada em princípios de confidencialidade, relato de verdade e ética. Uma informação delicada transmitida de maneira cuidadosa pode ajudar a diminuir com sentimentos de ansiedade, medo e tristeza. A mútua cooperação entre profissional de saúde e paciente pode favorecer a programação de um tratamento com mais perspectivas de cura, qualidade de vida e/ou bem-estar.
Algumas pessoas se queixam de que a comunicação do diagnóstico nem sempre é realizada de maneira adequada, e isso gera uma série de transtornos psicológicos na vida das pessoas envolvidas com o processo de adoecimento. Pois, o diagnóstico desdobra-se no alivio de saber o que a pessoa tem, mas, ao mesmo tempo, na tensão de saber sobre o que vai acontecer dali pra frente. Dependendo do diagnóstico e da forma como ele é comunicado, a pessoa pode se sentir muito mal. Algumas doenças possuem mais peso do que outras. Há representações sociais bastante negativas em relação a algumas enfermidades. A própria terminologia já pode assustar a pessoa. Um exemplo disso, é o câncer, que é uma das doenças mais temidas pelas pessoas, de acordo a Organização Mundial de Saúde [OMS].
A primeira coisa para se refletir, é que o diagnóstico não pode ser encarado como uma sentença de morte. Lembre-se que o diagnóstico é o retrato de um momento específico da vida da pessoa que precisa de cuidados. Assim, o diagnóstico não deve ser visto como uma ideia fixa e imutável, até porque a pessoa é maior do que a doença, e o seu quadro de saúde pode sofrer alterações ao longo do tratamento. Depois, ao receber o diagnóstico, a pessoa precisa de acolhimento e escuta, pois pode ser um momento de desespero e angústia. Nessa esteira, tanto o profissional quanto a rede de apoio do paciente podem propor as condições mais favoráveis para que a pessoa se sinta acolhida. Logo, é essencial que, nesse momento, a pessoa possa se sentir à vontade para tirar as possíveis dúvidas. O esclarecimento do tratamento pode ajudar o paciente a diminuir a possível tensão. É importante lembrar para quem está doente que ele/ela não é a doença.
Reflexão autoral de Paulo Roberto Santos Reis Soares, mestrando em Estudos de Linguagens (UNEB), graduado em Psicologia e Teologia (UCSAL), pós-graduado em Gerontologia e Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC), e pós-graduando em Neuropsicologia. Atua como psicólogo clínico, com foco na saúde mental da pessoa idosa prestando atendimento online e presencial; psicólogo das organizações e do trabalho e palestrante.
IMAGEM: Homem idoso desesperado, de autoria desconhecida. Disponível em: https://br.freepik.com/fotos/idoso-desesperado Acesso em 27 de junho de 2024.



