Por Paulo Roberto Reis
Instagram: @psipaulorobertoreis
Outubro Rosa é o mês de conscientização para o controle do câncer de mama. O câncer de mama [ou neoplasia maligna] é o segundo tipo de câncer mais comum entre mulheres no Brasil e no mundo. O aparecimento da doença é multicausal. Alguns indicadores como, por exemplo, a história reprodutiva, genética, aspectos ambientais e estilo de vida podem favorecer o risco da doença. Geralmente, o câncer de mama costuma surgir em pessoas acima dos 40 anos de idade, embora não seja uma regra.
Na maioria dos casos, a doença manifesta sinais e sintomas de nódulos, que podem ser percebidos pela mulher através do autoexame ou de exames de imagem. Além disso, pequenos nódulos nas axilas ou no pescoço, pele da mama avermelhada e saída de líquido anormal das mamas.
O diagnóstico pode trazer impactos significativos tanto para a mulher quanto para os seus familiares. Alguns sentimentos, como, tristeza, medo, angústia, raiva e ansiedade podem ser vividos de forma intensa desde a descoberta da doença. Um dos medos mais frequentes é a possível mutilação da mama ou complicações que o tratamento pode provocar. A mama, para muitas mulheres, representa um dos aspectos constituintes da identidade feminina. Esse tipo de representação ajuda-nos a entender melhor sobre os impactos sociais, emocionais e psicológicos na vida da paciente.
No entanto, vale ressaltar, que cada indivíduo experimenta essa realidade de modo singular. É imprescindível compreendermos a história individual de cada pessoa, bem como as suas estratégias de enfrentamento à situação. O desconforto emocional pode provocar aumento da ansiedade, surgimento de um quadro de depressão e estresse. Pois, devemos considerar os impactos da doença na rotina da pessoa, relacionada ao trabalho, vida sexual, relacionamento amoroso, atividade laboral e etc.
O sofrimento da mulher submetida ao tratamento oncológico da mama está orientado, sobretudo pela dificuldade de acesso ao tratamento, adaptação ao novo contexto de vida e estereótipos e preconceitos sobre o câncer. Estes e outros fatores são complicadores do fenômeno, que impacta na saúde mental da mulher de tal maneira que muitas pessoas enxergam o diagnóstico como uma sentença de morte.
O acompanhamento psicológico realizado por profissional qualificado pode ajudar a mulher em situação de câncer de mama a trabalhar a autoestima, aceitação e identidade, bem como reduzir os impactos emocionais gerados por sintomas, intervenções médicas, dúvidas e medos em relação ao tratamento. Nesse sentido, o profissional em psicologia pode, ainda, orientar a família da paciente, para lidar com a situação de forma satisfatória, a fim de contribuir para o bom êxito do processo.
Nesse ensejo, Outubro Rosa é muito mais do que uma campanha, é um convite para enfrentarmos juntos a problemática. O câncer de mama tem tratamento e tem cura, mas o diagnóstico precisa ser realizado o quanto antes. Há avanços significativos no tratamento, inclusive novas tecnologias e medicamentos. Contudo, faz-se necessário que toda a sociedade abrace a causa contra o câncer de mama. As mulheres precisam de saúde preventiva, informação de qualidade, diagnóstico precoce, tratamento adequado e suporte de uma vasta rede de cuidado e apoio. Lutar contra o câncer de mama é, sobretudo, oferecer possibilidade da mulher expressar as suas dores emocionais e ser amparada nas suas dúvidas e necessidades. Sigamos todos e todas juntos!
Reflexão autoral de Paulo Roberto Santos Reis Soares, mestrando em Estudos de Linguagens (UNEB), graduado em Psicologia e Teologia (UCSAL), pós-graduado em Gerontologia e Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC), e pós-graduando em Neuropsicologia. Atua como psicólogo clínico, com foco na saúde mental da pessoa idosa prestando atendimento online e presencial; psicólogo das organizações e do trabalho e palestrante.
Referência
Silva, Lucia Cecilia da. CÂNCER DE MAMA E SOFRIMENTO PSICOLÓGICO: ASPECTOS RELACIONADOS AO FEMININO. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 13, n. 2, p. 231-237, abr./jun. 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pe/a/Nt9QhBh3Z6T9pY8hRTgQVjQ/?format=pdf&lang=pt
Imagem: autoria desconhecida. Disponível em: https://novabelluno.com.br/2021/10/25/o-cancer-de-mama-e-a-pessoa-idosa-prevencao-ainda-e-o-melhor-remedio/



