Por Paulo Roberto Reis
Instagram: @psipaulorobertoreis
A Constituição de 1988 delega Estado, sociedade e família como responsáveis no suporte à pessoa idosa. Além disso, o documento assegura subsídios que garantam a maior participação de idosos na comunidade, a defesa da sua dignidade, bem-estar e o direito à vida. Novas leis e medidas foram empreendidas pelo Estado com o objetivo de proteger a pessoa idosa contra a discriminação, a violência e as dificuldades. Nesse sentido, a Política Nacional do Idoso (1994) e o Estatuto do Idoso (2003) são exemplos dessas novas medidas.
Cuidar de pessoas idosas é uma tarefa que vem se destacando a cada dia, sobretudo por causa do aumento significativo da população longeva. Contudo, o cuidado com a pessoa idosa pode ser bastante desafiador e exigente. Há carências múltiplas por parte do poder público. A falta de políticas públicas efetivas é uma das realidades mais preocupantes nesse processo. Outro fator que se destaca, é que nem sempre as famílias estão preparadas para acolher as pessoas idosas – o que torna essa problemática ainda mais complexa.
Nesse ensejo, temos o cuidador formal e o cuidador informal de pessoas idosas, ambos enfrentam a invisibilidade social. No Brasil, a cuidadora [pois a grande maioria são as mulheres] não está regulamentada até então como profissão. Esse fato dificulta a seguridade de direitos e a delimitação dessa função. Em relação ao cuidador informal, sabe-se que muitas vezes essa tarefa é realizada por familiares [sem a obrigatoriedade de técnicas profissionais], pois são indivíduos muito próximos à pessoa idosa. Por se tratar de uma pessoa do eixo da relação do idoso, geralmente, há uma naturalização dessa responsabilidade.
Diante desse contexto, a (o) cuidadora (o) de pessoa idosa pode enfrentar uma série de barreiras para o exercício da sua tarefa. Há uma incidência muito grande de cuidadoras que se sentem sobrecarregadas psicologicamente, desenvolvendo alguns transtornos, como, por exemplo, depressão e ansiedade. Existem sentimentos de medo e insegurança, que nem sempre são exteriorizados, por vários motivos, dentre eles, a fragilidade da rede de apoio e o estado de vulnerabilidade da própria pessoa idosa. Em contrapartida, a (o) cuidadora (o) pode experimentar – apesar da sobrecarga emocional e mental – sentimentos de conforto, prazer e satisfação ao se dedicar à pessoa idosa.
Algumas dicas podem ajudar a cuidadora a aliviar a carga psíquica, ajudando-a a manter-se saudável, a saber: autocuidado precisa ser prioridade, encontrar pequenos momentos para recarregar as energias, mesmo que sejam leves; aceitar ajuda faz parte, então delegar tarefas e buscar ampliar a rede de cuidados; planejar uma rotina flexível, com pausas e espaços para o descanso, lazer e meditação; exercer atividades para aliviar a ansiedade e o estresse, como, atividade física, tipo caminhadas, corridas, malhação, ioga e outras; não se esquecer de buscar apoio psicológico, fazer psicoterapia pode fazer grande diferença vida de quem exercer o cuidado como tarefa. Lembre-se: cuidar de si é essencial para poder continuar cuidando de quem se ama. Estamos juntos nessa jornada!
Reflexão autoral de Paulo Roberto Santos Reis Soares, mestrando em Estudos de Linguagens (UNEB), graduado em Psicologia e Teologia (UCSAL), pós-graduado em Gerontologia e Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC), e pós-graduando em Neuropsicologia. Atua como psicólogo clínico, com foco na saúde mental da pessoa idosa prestando atendimento online e presencial; psicólogo das organizações e do trabalho e palestrante.
Referência
Moreira, Marcia Duarte. Caldas, Célia Pereira. A IMPORTÂNCIA DO CUIDADOR NO CONTEXTO DA SAÚDE DO IDOSO. Esc Anna Nery R Enferm 2007 set; 11 (3): 520 – 5. Disponível: https://www.scielo.br/j/ean/a/VgjTVdg8sHgNWz7gGwDd6dh/?format=pd
Imagem. Retratista Karoline Melo: @seujeitounico



