Por Dr. Paulo Roberto Reis
Psicólogo Clínico
Nos últimos meses, a população brasileira foi surpreendida com denúncias de fraudes bilionárias envolvendo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Pessoas idosas, muitas delas com aposentadorias modestas, foram vítimas de esquemas que desviaram benefícios essenciais para sua subsistência. O impacto vai muito além do prejuízo financeiro: a saúde mental dessas pessoas também é profundamente afetada.
Para muitos idosos, a aposentadoria representa não apenas uma fonte de renda, mas também a segurança de uma vida tranquila após anos de trabalho. Quando esse recurso é violado por fraudes, instala-se um sentimento de desamparo, revolta e humilhação. Há quem relate sensação de impotência diante do sistema, medo de não conseguir mais pagar contas básicas e até vergonha de contar para a família o que aconteceu.
As consequências emocionais podem ser graves. Ansiedade, insônia, depressão e crises de pânico são comuns em vítimas de golpes financeiros. Além disso, a perda da confiança em instituições públicas e em pessoas, muitas vezes próximas, pode isolar ainda mais o idoso. Em casos de maior vulnerabilidade cognitiva, como em idosos com suspeita de demência, as fraudes podem acelerar o declínio emocional e funcional.
Não podemos ignorar que muitos desses idosos já enfrentam situações de fragilidade, como viver sozinhos, lidar com doenças crônicas ou serem responsáveis pelo sustento de familiares. A quebra dessa rede de segurança financeira abala a autoestima e mina a autonomia que tanto lutaram para manter. Em contextos assim, é comum que sentimentos de inutilidade e desesperança ganhem espaço, contribuindo para o agravamento do sofrimento psíquico.
É fundamental que a sociedade se mobilize para proteger as pessoas idosas contra esse tipo de violência. Informar, acolher e orientar são atitudes que ajudam a reconstruir a confiança e a prevenir novos danos. Mas, para além das medidas legais e sociais, há um suporte indispensável: a psicoterapia. Buscar ajuda psicológica pode ser decisivo para reorganizar emoções, reconstruir a autoestima e resgatar o sentido de segurança que foi rompido.
A psicoterapia oferece um espaço de escuta acolhedora e sem julgamentos, no qual a pessoa idosa pode expressar sua dor, reorganizar suas experiências e encontrar novas formas de lidar com os impactos emocionais da fraude. É um cuidado necessário, não apenas para tratar o trauma, mas também para fortalecer o indivíduo diante dos desafios do envelhecer com dignidade e respeito.
Como gerontólogo e psicólogo clínico, tenho acompanhado de perto os efeitos desses acontecimentos na vida emocional de muitos idosos. Na Clínica Longevos Psicologia, oferecemos um cuidado especializado e humanizado, com foco no bem-estar e na saúde mental das pessoas idosas. Nossa missão é caminhar lado a lado com quem enfrenta dores silenciosas, oferecendo acolhimento, dignidade e reconstrução.
Referência
Feldman, R. S. (2021). Comportamento humano e desenvolvimento ao longo da vida (11ª ed.). Pearson.
Paulo Roberto Reis é psicólogo clínico especializado em Terapia Cognitivo-Comportamental e idealizador da Longevos Psicologia, uma clínica voltada para o cuidado da saúde mental e longevidade. Graduado em Psicologia pela Universidade Católica do Salvador (UCSAL), Paulo é também mestrando em Estudo de Linguagens pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Com uma sólida formação acadêmica, é pós-graduado em Gerontologia, Terapia Cognitivo-Comportamental e Neuropsicologia. Além de sua prática clínica, Paulo é colunista do Portal Som de Papo, onde escreve sobre saúde mental aos domingos, contribuindo com informações e reflexões sobre o bem-estar psicológico.



