Por Paulo Roberto Reis
Psicólogo Clínico
Você já se pegou adiando tarefas importantes mesmo sabendo que elas precisam ser feitas? Ou então sentiu que nada do que faz está bom o suficiente para ser entregue? Quando olhamos com mais profundidade, percebemos que a procrastinação e o perfeccionismo muitas vezes caminham juntos. O medo de errar, de não alcançar um ideal irreal ou de ser julgado pode paralisar a ação. A pessoa trava, posterga e se culpa, criando um ciclo de sofrimento silencioso e muitas vezes invisível aos olhos dos outros.
Quando se tornam excessivos e persistentes, o perfeccionismo e a procrastinação podem estar presentes no contexto de transtornos mentais, como ansiedade generalizada, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e depressão. Não significa que esses comportamentos, isoladamente, causem um transtorno, mas que podem funcionar como sinais de alerta, especialmente quando acompanhados de outros sintomas como insônia, irritabilidade, autocobrança extrema e crises de choro. Nesses casos, a procrastinação não é apenas “falta de vontade” e o perfeccionismo não é “mero capricho” — ambos podem ser estratégias mentais para lidar com a insegurança e o medo de falhar. Quando geram sofrimento e impacto na vida cotidiana, é fundamental buscar apoio profissional.
Na Psicoterapia, o indivíduo encontra um espaço seguro para entender as raízes desses comportamentos. Muitas vezes, o perfeccionismo tem origem em experiências de crítica excessiva, medo de rejeição ou necessidade de validação. Já a procrastinação pode ser uma forma inconsciente de evitar a dor emocional de não “ser bom o bastante”. A abordagem cognitivo-comportamental, por exemplo, ajuda a identificar esses padrões e propor estratégias mais funcionais.
O tratamento não é sobre deixar de ter padrões de qualidade ou passar a fazer tudo apressadamente. É sobre aprender a se libertar da autocrítica punitiva, lidar com a frustração e desenvolver autocompaixão. Uma pessoa pode ser responsável, dedicada e cuidadosa sem se tornar prisioneira da perfeição. O equilíbrio entre ação e autoaceitação é o que permite avanços concretos na vida pessoal, acadêmica e profissional.
Se você se identificou com esse texto ou reconhece alguém próximo que sofre com isso, saiba que há caminhos possíveis. A psicoterapia é uma ferramenta valiosa para trabalhar essas questões com profundidade, promovendo saúde mental e qualidade de vida. Cuidar da mente é tão importante quanto cuidar do corpo — e reconhecer o sofrimento já é um passo corajoso em direção à mudança.
Paulo Roberto Reis é psicólogo clínico especializado em Terapia Cognitivo-Comportamental e idealizador da Longevos Psicologia, uma clínica voltada para o cuidado da saúde mental e longevidade. Graduado em Psicologia pela Universidade Católica do Salvador (UCSAL), Paulo é também mestrando em Estudo de Linguagens pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Com uma sólida formação acadêmica, é pós-graduado em Gerontologia, Terapia Cognitivo-Comportamental e Neuropsicologia. Além de sua prática clínica, Paulo é colunista do Portal Som de Papo, onde escreve sobre saúde mental aos domingos, contribuindo com informações e reflexões sobre o bem-estar psicológico.
IMAGEM: META IA.



