Por Marize Reges
Todo fim de ano nos convida a promessas apressadas: emagrecer, ganhar mais dinheiro, mudar o cabelo, viajar mais. Mas, ao chegar a 2026, talvez a pergunta mais honesta não seja “o que eu quero mudar?”, e sim: o que eu não posso mais continuar repetindo?
As mulheres — especialmente nós, mulheres maduras — carregam décadas de expectativas, culpas e exigências que nunca foram nossas. Crescemos ouvindo que deveríamos dar conta de tudo, silenciar desconfortos, priorizar os outros e agradecer pelo pouco. Em 2026, isso precisa mudar.
Precisamos começar mudando a forma como nos olhamos.
Durante muito tempo, fomos ensinadas a enxergar defeitos antes de reconhecer conquistas. O corpo que envelhece passou a ser visto como problema, quando na verdade é prova de resistência, de história e de sobrevivência. Mudar, em 2026, é parar de lutar contra o tempo e começar a caminhar com ele.
Outra mudança urgente é abandonar o medo de desagradar. Quantas decisões foram adiadas por receio do julgamento alheio? Quantas vontades ficaram guardadas para “uma fase melhor”? A maturidade não nos tira possibilidades — ela nos oferece discernimento. Coragem não é ausência de medo, é a decisão de não permitir que ele nos paralise.
Também precisamos rever a ideia de força feminina. Ser forte não é suportar tudo calada. Força é reconhecer limites, pedir ajuda, descansar sem culpa e escolher a própria saúde — física, emocional e mental — como prioridade. Em 2026, que a exaustão deixe de ser troféu.
Há ainda uma mudança silenciosa, porém poderosa: trocar a comparação pela inspiração. O sucesso de outra mulher não diminui o nosso. Ao contrário, amplia horizontes e nos lembra que existem muitos caminhos possíveis. A maturidade nos ensina que não é tarde — é agora.
Por fim, talvez a maior mudança seja abandonar a sobrevivência automática. Viver apenas cumprindo tarefas, sem presença, sem propósito, sem prazer, nos afasta de nós mesmas. 2026 pede mais intenção. Mais escolhas conscientes. Mais vida vivida por dentro, não apenas mostrada por fora.
Que 2026 não seja sobre nos tornarmos outras mulheres, mas sobre retornarmos àquelas que sempre fomos, antes do medo, da pressa e das exigências excessivas.
Porque mudar, às vezes, não é acrescentar.
É soltar.
E isso, sim, é maturidade.



