Por Paulo Roberto Reis
Instagram: @psipaulorobertoreis
Diante de uma sociedade que estimula o tempo inteiro a alta produtividade e a multifuncionalidade da pessoa humana, meditar torna-se um desafio. Desde a antiguidade que a meditação já era praticada, sobretudo pelas tradições orientais, como, o budismo e a filosofia yoga. A meditação é uma prática que engloba um conjunto de técnicas que buscam treinar à atenção. Sendo que a atenção é uma das funções cognitivas que auxilia na regulação de todos os demais sistemas cognitivos e das ações sensório-motoras. A partir dessa premissa, pode-se pensar sobre a relevância da atenção e, portanto, da meditação para uma vida saudável.
O dispositivo da meditação pode ser chamado de processo autorregulatório da atenção, em que através do ato é desenvolvido o controle dos processos atencionais. A meditação, enquanto recurso terapêutico, contribui para a diminuição do pensamento repetitivo e à reorientação cognitiva, capaz de desenvolver determinadas habilidades para lidar com pensamentos intrusivos ou automáticos. Assim, a meditação concentra-se na restrição da própria atenção focando em único objeto que pode ser interno ou externo. Dessa forma, as práticas meditativas ignoram estímulos ambientais, canalizando a atenção numa atividade mental ou sensorial. São várias técnicas de meditação, como, por exemplo, mindfulness, que busca treinar a atenção plena; meditação guiada, onde um guia vai dando instruções de como realizar o procedimento atencional; meditação com mantras e etc. Algumas técnicas baseiam-se na repetição de um som, uma imagem, uma frase, um texto, respiração ou até mesmo o silêncio.
Para a realização de uma meditação eficaz faz-se necessária a repetição e o hábito. O treino vai depender da técnica escolhida, bem como das características de cada pessoa. Não dá pra entender a meditação como uma ferramenta homogênea. Cada pessoa pode se identificar com um tipo de técnica. A singularidade de cada indivíduo precisa ser levada em consideração. O ato de meditar pode ser encarado como um encontro consigo mesmo, com seus próprios pensamentos e emoções. Contudo, o processo meditativo é complexo. Não é tão fácil quanto parece. Daí a necessidade de se informar mais sobre a técnica antes de aplicá-la e ter em mente objetivos claros sobre o que se pretende alcançar.
Em relação aos benefícios, a meditação pode ajudar na regulação das emoções, reabilitação cognitiva, controle de algumas funções fisiológicas, redução do estresse, diminuição da ansiedade, além da melhora acerca de sofrimento psíquico. A meditação é, também, um recurso eficaz para estimular hábitos saudáveis, como, otimização do tempo. Nessa esteira, os meditadores relatam experiências associadas a paz interior, relaxamento, autoconfiança, autoestima e felicidade.
Reflexão autoral de Paulo Roberto Santos Reis Soares, mestrando em Estudos de Linguagens (UNEB), graduado em Psicologia e Teologia (UCSAL), pós-graduado em Gerontologia e Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC), e pós-graduando em Neuropsicologia. Atua como psicólogo clínico, com foco na saúde mental da pessoa idosa prestando atendimento online e presencial; psicólogo das organizações e do trabalho e palestrante.
Referência
Menezes, Carolina Baptista Menezes; Dell’Aglio, Débora Dalbosco. Os Efeitos da Meditação à Luz da Investigação Científica em Psicologia: Revisão de Literatura. PSICOLOGIA CIÊNCIA E PROFISSÃO, 2009, 29 (2), 276-289.
Imagem: autoria desconhecida. Disponível em: https://www.pngwing.com/pt/free-png-hqrhm#google_vignette



