Por Dr. Paulo Roberto Reis – Psicólogo
O Carnaval é um período de intensa alegria, socialização e celebração cultural, trazendo benefícios para o bem-estar emocional, como o alívio do estresse e o fortalecimento dos laços sociais. No entanto, esse período pode ser desafiador para a saúde mental, especialmente para aqueles que enfrentam transtornos como ansiedade, depressão ou estresse pós-traumático. A seguir, nós – da Coluna Saúde – apresentamos recomendações baseadas em evidências científicas para manter o equilíbrio emocional durante a folia.
É comum sentir-se pressionado a participar ativamente da festa, mas cada pessoa tem seu próprio ritmo. Um estudo publicado na Revista Brasileira de Psiquiatria (Andrade et al., 2021) destaca que o respeito aos próprios limites e a autopercepção emocional são fundamentais para evitar o esgotamento mental. Permita-se descansar quando necessário e ouça os sinais do seu corpo e mente. Noites mal dormidas impactam diretamente o humor, a regulação emocional e a capacidade de enfrentar desafios cotidianos. Segundo a pesquisa de Ribeiro e Silva (2019), publicada na Revista de Neurologia Brasileira, a privação do sono aumenta a reatividade emocional e reduz a resiliência ao estresse. Mesmo no Carnaval, tente manter uma rotina de sono minimamente estruturada para evitar fadiga excessiva e oscilações de humor.
O uso excessivo de álcool e outras substâncias psicoativas pode intensificar quadros de ansiedade e depressão. Estudos indicam que o álcool, ao atuar como depressor do sistema nervoso central, pode gerar episódios de baixa autoestima e crises emocionais (Oliveira & Souza, 2020). Divirta-se com moderação e mantenha-se atento aos sinais de desconforto emocional relacionados ao consumo. Outro aspecto importante é a alimentação. A relação entre alimentação e saúde mental é amplamente documentada. A revisão sistemática de Lima et al. (2018), publicada na Revista Brasileira de Nutrição, evidencia que uma dieta rica em nutrientes, incluindo frutas, vegetais e proteínas magras, contribui para a redução dos sintomas depressivos. Além disso, manter-se hidratado ajuda na regulação do humor e no desempenho cognitivo.
Multidões, ruídos intensos e luzes piscantes podem ser desencadeadores de ansiedade em algumas pessoas. A recomendação de pesquisadores da Psicologia & Saúde (Fernandes et al., 2019) sugere que pausas estratégicas em locais mais tranquilos ajudam a reduzir a hiperestimulação sensorial, promovendo bem-estar emocional durante eventos intensos. Nem todos experimentam a mesma sensação de felicidade durante o Carnaval, e isso é normal. Se perceber sinais de angústia ou desmotivação, buscar apoio emocional com amigos, familiares ou profissionais de saúde mental pode ser um recurso valioso. O estudo de Carvalho e Mendes (2022) na Revista de Psicologia Clínica reforça a importância da rede de apoio na redução dos sintomas de sofrimento psicológico.
Além da diversão, encontrar momentos para meditação, exercícios físicos e relaxamento pode ser fundamental para a regulação emocional. Um artigo da Revista Brasileira de Mindfulness (Almeida et al., 2020) demonstra que a prática da atenção plena reduz significativamente o estresse e melhora a qualidade de vida. Aproveitar o Carnaval com equilíbrio e consciência dos impactos emocionais é essencial para que a festa seja de fato um momento de alegria e bem-estar. O autocuidado e a moderação podem garantir uma experiência prazerosa sem comprometer a saúde mental.
Paulo Roberto Reis é psicólogo clínico especializado em Terapia Cognitivo-Comportamental e idealizador da Longevos Psicologia, uma clínica voltada para o cuidado da saúde mental e longevidade. Graduado em Psicologia pela Universidade Católica do Salvador (UCSAL), Paulo é também mestrando em Estudo de Linguagens pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Com uma sólida formação acadêmica, é pós-graduado em Gerontologia, Terapia Cognitivo-Comportamental e Neuropsicologia. Além de sua prática clínica, Paulo é colunista do Portal Som de Papo, onde escreve sobre saúde mental aos domingos, contribuindo com informações e reflexões sobre o bem-estar psicológico.
Referências
Almeida, R. T., Lopes, F. A., & Mendes, J. P. (2020). Mindfulness e regulação emocional: uma revisão de literatura. Revista Brasileira de Mindfulness.
Andrade, L. H., Souza, J. A., & Carvalho, P. R. (2021). Autocuidado e bem-estar mental em períodos festivos. Revista Brasileira de Psiquiatria.
Carvalho, L. B., & Mendes, C. F. (2022). A importância do suporte social na redução do sofrimento psicológico. Revista de Psicologia Clínica.
Fernandes, M. A., Costa, L. R., & Oliveira, D. P. (2019). Estímulos sensoriais e impacto na saúde mental durante grandes eventos. Psicologia & Saúde.
Lima, M. T., Castro, S. V., & Pereira, A. M. (2018). Nutrição e saúde mental: uma abordagem integrada. Revista Brasileira de Nutrição.
Oliveira, F. C., & Souza, R. P. (2020). Álcool e transtornos mentais: uma revisão crítica. Revista Brasileira de Dependência Química.
Ribeiro, A. L., & Silva, T. R. (2019). Privação do sono e seus efeitos na saúde mental. Revista de Neurologia Brasileira.
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