Disfunção Erétil e sua Relação com a Saúde Mental. Saiba mais.
Psicólogo Paulo Roberto Reis
Instagram: @psipaulorobertoreis
Problemas de ereção, também conhecidos como disfunção erétil (DE) ou impotência sexual masculina, constituem uma questão de saúde pública, afetando mais da metade dos homens com mais de 40 anos de idade. A Sociedade Brasileira de Urologia (2002) define a disfunção erétil como uma incapacidade masculina de iniciar e manter uma atividade sexual satisfatória; incluindo-se aqui vários aspectos da esfera sexual, como falta de ereção, anormalidades anatômicas e disfunções ejaculatórias. As causas podem ser múltiplas, como, diabetes, alterações hormonais, tabagismo, doenças cardiovasculares, medicamentos, consumo excessivo de álcool ou outras drogas, problemas financeiros, bem como distúrbios psicológicos. Nesse ensaio, estaremos refletindo como a saúde sexual e a saúde mental estão interligadas, e de que forma podemos tratar dessas dificuldades de ereção.
Inicialmente, vale ressaltar que, na maioria dos casos de ereção, o homem não está com impotência, mas com dificuldade sexual de forma transitória. Não existe apenas uma causa, e o problema pode ser ainda mais complexo quando abordamos a questão da saúde mental. Sim, uma das causas pode estar associada às questões psicológicas – denominadas psicogênicas – quando o homem não consegue manter a ereção devido a fatores psíquicos, como, por exemplo, ansiedade aumentada, estresse, depressão, conflitos interpessoais, inclusive no próprio relacionamento, além de algumas crenças disfuncionais.
Alguns homens ficam excessivamente preocupados com a hora do sexo e a ansiedade aumentada pode interferir nesse processo de ereção. Há outros indivíduos que apresentam muito cansaço, estresse no trabalho e dificuldades de relacionamento com a sua parceira ou parceiro levando ao desempenho sexual insatisfatório. Uma outra questão é o excesso de pornografia que pode alterar a percepção sobre o sexo criando ideias distorcidas em relação ao corpo e ao próprio ato sexual. Nessa situação, o homem pode não se sentir estimulado ao prazer real, porque idealizou demais corpos e expectativas irreais.
Estima-se que os fatores psicológicos podem ser responsáveis por mais de 40% dos casos de disfunção erétil. Na verdade, é uma relação que se retroalimenta. Tanto uma pessoa pode ter disfunção erétil originária de algum problema psicológico quanto pode ser afetada pela mesma questão quando descobre que está com desempenho sexual insatisfatório. Levando em consideração tais características, o indivíduo que sofre de disfunção erétil pode ter problemas de autoestima e tantos outros conflitos interiores. Daí a necessidade de um tratamento psicológico adequado.
Algumas crenças distorcidas que interferem na saúde sexual do homem advém de tabus sociais, culturais e religiosos. A sexualidade ainda é um assunto proibido para a maioria das pessoas, e isso dificulta o acesso do indivíduo que necessita de ajuda. Alguns homens têm vergonha de falar sobre o problema por causa desses tabus – inclusive por conta do machismo. Precisamos quebrar essas representações sociais que são disfuncionais e desenvolvermos outras percepções sobre a sexualidade e o sexo. Por fim, existe tratamento para disfunção erétil, assim como existe outras formas de se explorar e se exercer o ato sexual. Entretanto, fica, também, o alerta para quem se automedica sem acompanhamento médico. Em alguns casos, o medicamento por si só não ajudará, pelo contrário, pode até atrapalhar.
É importante buscar ajuda especializada. Todas as ajudas qualificadas serão bem-vindas – num trabalho multidisciplinar e interdisciplinar. Nesse caso, o psicólogo também pode contribuir com o tratamento. A Psicoterapia, enquanto ferramenta de tratamento psicológico, pode ajudar a pessoa que está com dificuldade de ereção a enfrentar as suas dores emocionais e a desconstruir algumas crenças limitantes. A Psicoterapia pode ser realizada individualmente – para ajudar a identificar e tratar os possíveis fatores desencadeantes e perpetuadores da disfunção erétil – mas, também, pode ser realizada com o casal, a fim de ajudar as duas pessoas a enfrentarem juntas o problema.
Reflexão autoral de Paulo Roberto Santos Reis Soares, mestrando em Estudos de Linguagens (UNEB), graduado em Psicologia e Teologia (UCSAL), pós-graduado em Gerontologia e Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC), e pós-graduando em Neuropsicologia. Atua como psicólogo clínico, com foco na saúde mental da pessoa idosa prestando atendimento online e presencial; psicólogo das organizações e do trabalho e palestrante.
Referências
Cavalcanti, R. (2006). Tratamento Clínico das Inadequações Sexuais / Ricardo Cavalcanti, Mabel Cavalcanti. – 3ª ed. – São Paulo: Roca.
Glina, S.; Leão, P.; Reis, J. M.; Pagani, E. (Orgs.). (2002). Disfunção sexual masculina: conceitos básicos: diagnóstico e tratamento. São Paulo: Instituto H. Ellis.
Iankowski, S. (2003). Ereção & Falha: falhou, por quê? : um estudo moderno sobre a disfunção sexual masculina e suas novas soluções. – Porto Alegre: Imprensa Livre.
IMAGEM: autoria desconhecida. Disponível no Google Imagens.



