Por Psicólogo Paulo Roberto Reis
Instagram: @psipaulorobertoreis
Atualmente há grande procura por avaliação clínica de crianças e adolescentes que não atendem às expectativas da escola. Muitos desses indivíduos, ao serem encaminhados para profissionais de saúde, acabam sendo diagnosticados. Os transtornos mais comuns são o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e a dislexia que têm queixas de dificuldades de leitura e escrita. O nosso objetivo é refletir a respeito das possíveis causas por trás do transtorno e destacar a importância de um tratamento qualificado.
A dislexia do desenvolvimento é definida pela Associação Brasileira de Dislexia (ABD) como “um transtorno específico de aprendizagem, de origem neurobiológica, caracterizada por dificuldade no reconhecimento preciso e/ ou fluente da palavra, na habilidade de decodificação e em soletração. Essas dificuldades normalmente resultam de um déficit no componente fonológico da linguagem e são inesperadas em relação à idade e outras habilidades cognitivas”.
A Associação Brasileira de Dislexia (ABD) sinaliza, ainda, que a dislexia pode apresentar alguns sinais na fase pré-escolar, como, dispersão, atraso do desenvolvimento da fala e da linguagem, dificuldade de aprender rimas e canções, fraco desenvolvimento da coordenação motora e outros. Na fase escolar, podem ser observados desatenção, dispersão, dificuldade na aquisição e automação da leitura e da escrita, confusão para nomear direita e esquerda, pobre conhecimento de rima e aliteração, vocabulário pobre, com sentenças curtas, dificuldade para manusear mapas, dicionários e listas telefônicas, e etc.
Alguns pesquisadores positivistas acreditam que a dislexia tem um caráter neurobiológico, capaz de afetar a aprendizagem, atenção e comportamento. Contudo, há também outros estudiosos que ampliam a discussão e problematizam o sistema educacional, pedagógico, socioeducacional, linguístico, cultural e político como questões que contribuem para o desenvolvimento da dislexia. Acredita-se que há diversas razões que podem interferir na relação do indivíduo com a sua aprendizagem e que necessitam ser investigadas.
Diante do exposto, consideramos que a dislexia é um problema multifatorial, pois envolve condições neurobiológicas, subjetivas, culturais e sociais. O contexto da pessoa envolvida não pode ser desconsiderado. O indivíduo não pode ser visto apenas na sua condição biológica, mas, sobretudo como ela se relaciona com o seu meio. Daí a importância de uma avaliação psicológica, para avaliar as condições e interações da pessoa na sua amplitude.
A dislexia afeta a leitura e escrita, mas não está ligada à inteligência. Não é uma questão de esforço. É preciso reconhecer o problema e buscar ajuda qualificada. O diagnóstico precoce é essencial para o bom êxito do tratamento. Pessoas com dislexia, sem diagnóstico e apoio profissional, podem enfrentar impactos de baixa autoestima, ansiedade, dificuldades acadêmicas, isolamento, frustração e problemas comportamentais. A psicoterapia auxilia na superação dos prejuízos emocionais da dislexia, bem como estimula a cognição para compensar alguns déficits.
Reflexão autoral de Paulo Roberto Santos Reis Soares, mestrando em Estudos de Linguagens (UNEB), graduado em Psicologia e Teologia (UCSAL), pós-graduado em Gerontologia e Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC), e pós-graduando em Neuropsicologia. Atua como psicólogo clínico, com foco na saúde mental da pessoa idosa prestando atendimento online e presencial; psicólogo das organizações e do trabalho e palestrante.
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DISLEXIA. Disponível em: www.dislexia.org. br
Signor, Rita. Dislexia: uma análise histórica e social. RBLA, Belo Horizonte, v. 15, n. 4, p. 971-999.
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