Por: Psicólogo Paulo Roberto Reis
A alienação parental é uma situação dolorosa e complexa que envolve a manipulação psicológica de uma criança por um dos pais, com o intuito de afastá-la emocionalmente do outro genitor. Esse processo, além de prejudicar o desenvolvimento emocional da criança, pode gerar um sofrimento intenso para o genitor alienado, muitas vezes resultando em sérios problemas de saúde mental, como a ansiedade. Aqui, neste artigo, você poderá encontrar algumas dicas de como lidar com a ansiedade causada pela alienação parental.
A alienação parental ocorre quando um dos pais utiliza o poder de influência sobre a criança para denegrir a imagem do outro genitor, criando um cenário onde a criança se sente pressionada a rejeitar esse genitor. Esse comportamento pode assumir várias formas, como falas prejudiciais, manipulação emocional, ou até mesmo impedimento de contato entre os pais. O impacto psicológico pode ser intenso, e a ansiedade surge como uma resposta natural a um cenário de incertezas e inseguranças.
Quando uma pessoa vive um processo de alienação parental, o sentimento de impotência diante da situação, combinado com o distanciamento emocional de seus filhos, pode gerar um aumento significativo nos níveis de ansiedade. Isso acontece porque a pessoa sente que está perdendo o vínculo com a criança/adolescente, além de ser alvo de falsas acusações e distorções de sua própria imagem perante a criança/adolescente e até mesmo diante da sociedade.
O genitor alienado pode começar a experimentar uma sensação constante de preocupação e medo. A ansiedade pode se manifestar de diversas maneiras, como: medo de perder o vínculo com o filho, pois o temor de que a criança seja permanentemente afastada emocionalmente ou fisicamente é uma fonte constante de sofrimento; sentimento de culpa, o genitor pode se sentir culpado por não conseguir proteger a criança ou por não conseguir impedir que o outro genitor prejudique o relacionamento; preocupação constante com o futuro, em relação ao medo de que a criança cresça com uma visão distorcida do genitor alienado, o que pode afetar o relacionamento a longo prazo, gera grande angústia; perda de controle sobre a situação, isto é, sensação de estar lutando contra uma situação incontrolável pode desencadear pânico e tensão e/ou Isolamento, quando muitas vezes, o genitor alienado se sente isolado de amigos, familiares e até profissionais, o que pode agravar a sensação de solidão e desamparo.
A ansiedade decorrente da alienação parental não afeta apenas o genitor, mas também pode afetar profundamente a criança, que fica no epicentro dessa dinâmica. A criança pode começar a internalizar mensagens negativas sobre o genitor alienado, criando uma confusão emocional que prejudica seu desenvolvimento psicológico. O genitor alienado, por sua vez, sente-se como se estivesse em um “campo de batalha emocional”, constantemente lutando para resgatar a relação com o filho, mas sem saber como ou se será possível restaurar essa conexão. Esse cenário cria um ciclo vicioso de angústia, onde a ansiedade se retroalimenta: quanto mais a pessoa se preocupa com a situação, mais difícil se torna lidar com ela de maneira racional e equilibrada.
Lidar com a ansiedade em um processo de alienação parental exige, antes de tudo, a conscientização de que esse tipo de situação é profundamente desgastante e que buscar apoio é essencial. Algumas estratégias podem ajudar a reduzir o impacto emocional e psicológico, como, por exemplo, buscar apoio psicológico. A psicoterapia é uma ferramenta poderosa para ajudar a lidar com a ansiedade e as emoções intensas geradas pela alienação parental. O apoio de um psicólogo especializado pode ajudar a entender melhor os sentimentos, identificar gatilhos emocionais e desenvolver mecanismos saudáveis para lidar com a situação.
Além disso, é importante que a parte prejudicada fortaleça a sua rede de apoio. Amigos e familiares que compreendem a situação podem oferecer suporte emocional. Ter um sistema de apoio sólido é fundamental para ajudar o genitor alienado a se sentir menos isolado e mais forte diante da adversidade. Outra medida imprescindível é o autocuidado. Para lidar com a ansiedade, é importante cuidar de si mesmo. Isso envolve não apenas manter a saúde física com alimentação adequada e atividades físicas, mas também investir no bem-estar emocional, praticando atividades que tragam prazer e relaxamento.
Buscar assistência jurídica é outro aspecto fundamental nesse processo. Em casos de alienação parental, a intervenção jurídica pode ser necessária para proteger o direito do genitor de ter uma convivência saudável com seu filho. Consultar um advogado especializado em direito de família pode ajudar a traçar estratégias legais para reverter a alienação. Por fim, reforçar o vínculo com a criança/adolescente de forma saudável, sempre que possível, é importante para manter a comunicação com a criança, mesmo que de forma indireta, como por meio de cartas, mensagens ou outras formas que não envolvam confrontos diretos com o outro genitor. Criar momentos de convivência genuína e amorosa pode ajudar a restaurar o vínculo, caso a situação permita.
Assim, lidar com a ansiedade causada pela alienação parental é uma experiência emocionalmente desafiadora, – tanto para o genitor alienado quanto para a criança envolvida. A sensação de perda, impotência e desconexão pode gerar um ciclo vicioso de angústia, mas é importante lembrar que a busca por apoio psicológico, jurídico e social pode ser um caminho para reduzir esse sofrimento. A recuperação emocional é um processo longo e doloroso, mas com as estratégias adequadas, é possível encontrar um equilíbrio e começar a reconstruir os laços familiares, ou ao menos aliviar os efeitos da alienação no coração dos envolvidos.
Paulo Roberto Santos Reis Soares, mestrando em Estudos de Linguagens (UNEB), graduado em Psicologia e Teologia (UCSAL), pós-graduado em Gerontologia e Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC), e pós-graduando em Neuropsicologia. Atua como psicólogo clínico, com foco na saúde mental da pessoa idosa prestando atendimento online e presencial; psicólogo das organizações e do trabalho e palestrante.
Referência
Viegas, S. M. P. (2020). Alienação parental: A violência psicológica contra o genitor alienado e seus efeitos no desenvolvimento da criança. São Paulo: Editora Atlas.
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