Paulo Roberto Reis
O diagnóstico traz consigo uma série de desafios, tanto para o paciente quanto para seus familiares. Um dos questionamentos mais frequentes entre os familiares é se devem ou não compartilhar o diagnóstico com a pessoa em estado de doença. Como psicólogo, acredito que a comunicação aberta e honesta é fundamental em todas as fases da doença. É claro que cada caso é único e a decisão de compartilhar o diagnóstico deve ser individualizada, levando em consideração diversos fatores, como, a personalidade da pessoa doente, sua capacidade de compreensão e dinâmica familiar.
Se você decidiu compartilhar o diagnóstico, é importante fazê-lo de forma clara, simples, objetiva e respeitosa. Evite qualquer tipo de expressão negativa ou fatalista. Lembre-se que o diagnóstico não pode ser visto como sentença de morte, pois a pessoa tem mais potencialidade do que a doença. Escolha um momento tranquilo e privado para conversar com a pessoa doente, utilizando uma linguagem adequada à sua compreensão.
E, por fim, explique o que a doença significa, quais são os sintomas e quais são as opções de tratamento disponíveis. Quando a pessoa adoecida está ciente a respeito do seu diagnóstico ela pode se tornar colaboradora do tratamento. Caso o prognóstico não seja muito favorável, apresente as possibilidades para aliviar as suas dores e sofrimentos. É fundamental oferecer apoio emocional à pessoa durante a conversa. Incentive-a a expressar seus sentimentos e dúvidas, e procure esclarecer, na medida do possível, todas as suas questões.
Em alguns casos, a negação pode ser um mecanismo de defesa que ajuda a pessoa a lidar com o seu processo de adoecimento. Se a pessoa está negando o diagnóstico, e isso não está interferindo em seu tratamento ou qualidade de vida, pode não ser necessário confrontá-la diretamente. Se você, como familiar ou rede de apoio, se sentir inseguro para apresentar o diagnóstico seria mais prudente deixar essa tarefa para um profissional qualificado, de modo especial, um psicólogo. Diante de tais considerações, a questão permanece: fala ou não sobre o diagnóstico?
Reflexão autoral de Paulo Roberto Santos Reis Soares, mestrando em Estudos de Linguagens (UNEB), graduado em Psicologia e Teologia (UCSAL), pós-graduado em Gerontologia e Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC), e pós-graduando em Neuropsicologia. Atua como psicólogo clínico, com foco na saúde mental da pessoa idosa prestando atendimento online e presencial; psicólogo das organizações e do trabalho e palestrante.
Imagem: Psicólogo Paulo Roberto Reis, fotógrafa Karoline Melo.
Instagram: @psipaulorobertoreis



