Por Ramon Henrique
É tipo um rio que não tem pressa de chegar ao mar: ele serpenteia, muda de direção, às vezes corre forte, às vezes desliza devagar, e sempre traz consigo um monte de cores que nem o arco‑íris que vemos no céu depois da chuva.
Não é só “às vezes eu me sinto de um jeito, às vezes de outro”; é reconhecer que a identidade não tem muralha fixa, mas sim um espectro que se expande a cada experiência, a cada olhar, a cada toque. Quando alguém se declara gender‑fluid, está dizendo que o masculino, o feminino, o neutro, o ambos ou o nenhum são partes legítimas do seu ser, e que essas partes podem aparecer, desaparecer ou se misturar conforme o dia, o humor, a música que tá tocando na playlist.
Essa fluidez não é modismo, não é fase.
É uma forma de viver que exige coragem, porque ainda existe um mundo que insiste em colocar tudo em caixinhas.
É um ato de resistência quando a pessoa escolhe o pronome que faz sentido naquele momento, quando troca a roupa que melhor reflete a energia que tá sentindo, quando se apresenta de um jeito que não segue o roteiro que a sociedade escreveu.
Cada escolha é um “lá ele” contra as expectativas, um “eu sou assim porque eu sou eu” que ecoa nas ruas, nas redes, nos corações de quem acompanha.
A gente aprende, na prática, a respeitar esse fluxo.
Significa ouvir sem julgar, chamar a pessoa pelo nome e pelos pronomes que ela usa naquele instante, evitar suposições baseadas na aparência e criar espaços onde a autenticidade pode respirar livremente.
Quando alguém chega e diz “hoje eu me sinto mais masculino”, a gente celebra essa verdade sem questionar; quando no outro dia a mesma pessoa aparece com uma energia totalmente diferente, a gente acolhe sem fazer drama. Essa flexibilidade transforma ambientes seja uma sala de aula, um escritório, uma festa ou um círculo de amigos em lugares onde a diversidade não só existe, mas pulsa.
Cada curva, cada correnteza, cada mudança de luz acrescenta uma nova cor ao nosso coletivo. Essa riqueza nos ensina a ser mais empáticos, a abrir espaço para a pluralidade e a celebrar a liberdade de ser quem a gente é, sem máscaras, sem pressa, sem medo.
Afinal, a vida é essa dança de fluxos e refluxos, e quando a gente se permite fluir junto, a festa fica ainda mais colorida.
Então vamos espalhar amor em forma de respeito onde cada identidade tem seu espaço, seu ritmo e sua luz.
Texto: Ramon Henrique
Instagram:@ramonhenriquee
Crédito Fotográfico: coletivo de gênero
Fonte: UOL/Terra/Yahoo/revista Veja



