Por Paulo Roberto Reis
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Ao longo dos anos, a pessoa perde progressivamente a força em algumas habilidades cognitivas, como, memória, atenção, linguagem, criatividade e planejamento. Esse processo ocorre por conta do envelhecimento, mas, também, pela ocorrência de lesões, transtornos ou doenças que acometem o sistema nervoso central. Dentre as doenças, destacam-se aquelas que são neurológicas, como, Doença de Alzheimer, Parkinson e Doença de Lewy; traumas cerebrais; acidente vascular cerebral; transtornos do neurodesenvolvimento, como, Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade [TDAH] e Transtorno do Espectro Autista [TEA], e etc. Diante desse contexto, a reabilitação cognitiva desempenha um papel fundamental, para reduzir os danos ou perdas, além de exercitar o desenvolvimento de algumas funções neuropsicológicas.
A reabilitação cognitiva é um modelo de tratamento não farmacológico, que busca desenvolver novos neurônios criando uma nova rede neural a fim de substituir neurônios danificados ou perdidos. Essa prática só é possível por causa da chamada neuroplasticidade, que é a capacidade do cérebro humano de mudar, adaptar e realizar novas conexões neuropsicológicas. Na prática, estamos falando de uma série de tarefas que são desenvolvidas, após uma avaliação neuropsicológica. As atividades compreendem o treino cognitivo, que nada mais é, do que exercitar funções cerebrais através de determinados exercícios; estratégias compensatórias, que são recursos de novas respostas para compensar algum tipo de função cerebral prejudicada; e, por último, mudanças no contexto e rotina da pessoa que está sendo reabilitada.
Quando o indivíduo apresenta um quadro que limita o seu funcionamento, a reabilitação cognitiva busca estimular as funções prejudicadas. Há estudos mostrando a eficácia da reabilitação cognitiva para casos, como, a Doença de Alzheimer em estágios leve ou moderado – cuja uma das funções prejudicadas é a memória. Nesse aspecto, a reabilitação cognitiva pode atuar retardando o declínio da função de memória, bem como reabilitando aquilo que fora prejudicado. A reabilitação pode, também, contribuir com a prolongação da independência da pessoa na gestão de atividades de vida diária. Por exemplo, a partir de uma atividade de caça-palavras, o indivíduo pode ser reabilitado a novas sinapses – que são conexões cerebrais estimuladores de funções como a memória.
Aqui, destacamos que para o bom desempenho da reabilitação cognitiva faz-necessário o acompanhamento de um profissional qualificado. Não se trata apenas das atividades por si mesmas, mas de um conjunto de técnicas capazes de favorecer a restauração e compensação de funções cognitivas. Geralmente, as sessões de reabilitação cognitiva são programadas, de modo metódico, para que cada encontro cumpra com objetivos clínicos ou pedagógicos. O profissional da reabilitação cognitiva precisará de suporte para a adaptação da pessoa a essas atividades. A participação da rede de apoio da pessoa é imprescindível. Além disso, exames adicionais, terapia neuropsicológica e outras medidas precisarão ser adotadas como forma de complemento. Quando se trata de saúde do cérebro, todo apoio especializado é bem-vindo.
Reflexão autoral de Paulo Roberto Santos Reis Soares, mestrando em Estudos de Linguagens (UNEB), graduado em Psicologia e Teologia (UCSAL), pós-graduado em Gerontologia e Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC), e pós-graduando em Neuropsicologia. Atua como psicólogo clínico, com foco na saúde mental da pessoa idosa prestando atendimento online e presencial; psicólogo das organizações e do trabalho e palestrante.
Referências
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Nascimento DB, Carvalho GFJ, Costa, RMEM. ReabRA: Reabilitação Cognitiva através de uma aplicação de realidade aumentada. In: 5º Workshop de Realidade Virtual e Aumentada, 2008; Bauru: Universidade Estadual Paulista; 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/j/jbpsiq/a/LB5qdpzsyDxtPJDnn6CvwSz/?format=html Acesso em 18 de julho de 2024, às 19h.
Sá, Camila de Carvalho; Silva, Daiane Fuga da.; Bigongiari, Aline; Lima, Adriana Machado. Eficácia da reabilitação cognitiva na melhoria e manutenção das atividades de vida diária em pacientes com doença de Alzheimer: uma revisão sistemática da literatura. Disponível em: https://www.scielo.br/j/jbpsiq/a/LB5qdpzsyDxtPJDnn6CvwSz/?format=pdf&lang=pt Acesso em 18 de julho de 2024, às 20h.
IMAGEM: fonte de autoria desconhecida. Disponível em: https://eadsinapses.eadplataforma.app/curso/neuropsicopedagogia-reabilitacao-cognitiva-e-atuacao-com-idosos-2020-05-07-17-50 Acesso em 19 de julho de 2014, às 20h.



