Por Dr. Paulo Roberto Reis – Psicólogo
A saúde mental da mulher é um tema essencial, pois influencia diretamente sua qualidade de vida, relacionamentos e bem-estar geral. Mulheres enfrentam diversas demandas no dia a dia, como trabalho, família e responsabilidades pessoais, o que pode gerar estresse e impactar sua saúde emocional. Além disso, fatores biológicos, sociais e culturais também exercem influência sobre a saúde mental feminina, tornando essencial a adoção de medidas de prevenção e apoio.
A saúde mental da mulher está diretamente ligada ao seu contexto de vida. O acúmulo de funções, a pressão estética, a desigualdade de gênero e a sobrecarga emocional são desafios enfrentados diariamente. Ainda que as mulheres sejam reconhecidas por sua resiliência, é necessário compreender que o desgaste emocional constante pode levar ao desenvolvimento de transtornos psicológicos. Dessa forma, compreender esses desafios e buscar estratégias eficazes para enfrentá-los é fundamental para garantir o bem-estar feminino.
Entre os principais desafios enfrentados pelas mulheres em relação à saúde mental, destacam-se os transtornos de ansiedade e depressão. Questões hormonais, como a variação dos níveis de estrogênio e progesterona, podem influenciar o humor e a estabilidade emocional. A maternidade, por exemplo, é um período em que a mulher experimenta mudanças físicas e emocionais intensas, o que pode levar ao desenvolvimento de transtornos como a depressão pós-parto.
Outro fator relevante é a dupla jornada de trabalho, em que muitas mulheres precisam equilibrar a vida profissional com as responsabilidades domésticas e familiares. Esse acúmulo de funções pode gerar exaustão e estresse, impactando a qualidade do sono, a disposição e a capacidade de enfrentar desafios diários. Além disso, a violência doméstica e outras formas de abuso psicológico são problemas que ainda afetam muitas mulheres, contribuindo para o desenvolvimento de transtornos mentais.
A falta de acesso a tratamentos adequados e a estigmatização da saúde mental também dificultam o cuidado psicológico feminino. Muitas mulheres hesitam em buscar ajuda por medo de serem julgadas ou por falta de informação sobre os recursos disponíveis. A normalização do sofrimento emocional pode levar ao agravamento de sintomas, tornando a recuperação mais difícil.
Cuidar da saúde mental é essencial para garantir bem-estar e qualidade de vida. Algumas estratégias eficazes incluem terapia psicológica, que ajuda a mulher a compreender e lidar com suas emoções, promovendo maior equilíbrio emocional. A prática de exercícios físicos é outra ferramenta poderosa, pois libera endorfinas e reduz o estresse. Além disso, uma alimentação equilibrada pode contribuir para a regulação do humor e da energia.
Criar uma rede de apoio também é fundamental. Ter com quem conversar, compartilhar sentimentos e buscar acolhimento faz toda a diferença. O suporte da família, dos amigos e até mesmo de grupos de apoio especializados pode ajudar a mulher a enfrentar momentos difíceis com mais segurança e tranquilidade.
A adoção de hábitos saudáveis no dia a dia, como estabelecer uma rotina de sono adequada e praticar técnicas de relaxamento, como a meditação e a respiração profunda, pode reduzir o impacto do estresse e da ansiedade. Além disso, é importante que a mulher aprenda a estabelecer limites, evitando a sobrecarga emocional e profissional. Saber dizer “não” quando necessário é uma forma de autocuidado e proteção da saúde mental.
A sociedade também tem um papel fundamental nesse processo. Políticas públicas que garantam o acesso à saúde mental, a equidade de gênero no mercado de trabalho e a proteção contra a violência doméstica são medidas essenciais para a promoção do bem-estar feminino. A conscientização sobre a importância da saúde mental da mulher deve ser ampliada, para que todas tenham acesso a informações e recursos que possam ajudá-las a viver com mais equilíbrio e felicidade.
A saúde mental da mulher precisa ser reconhecida como prioridade. O cuidado com o bem-estar emocional deve ser contínuo e incentivado, garantindo que as mulheres possam enfrentar os desafios diários com mais equilíbrio e qualidade de vida. A adoção de estratégias de autocuidado, a busca por apoio e a valorização da saúde mental são passos fundamentais para que a mulher se sinta mais segura, empoderada e fortalecida em sua jornada.
Paulo Roberto Reis é psicólogo clínico especializado em Terapia Cognitivo-Comportamental e idealizador da Longevos Psicologia, uma clínica voltada para o cuidado da saúde mental e longevidade. Graduado em Psicologia pela Universidade Católica do Salvador (UCSAL), Paulo é também mestrando em Estudo de Linguagens pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Com uma sólida formação acadêmica, é pós-graduado em Gerontologia, Terapia Cognitivo-Comportamental e Neuropsicologia. Além de sua prática clínica, Paulo é colunista do Portal Som de Papo, onde escreve sobre saúde mental aos domingos, contribuindo com informações e reflexões sobre o bem-estar psicológico.
Referências
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MORAES, G. P. et al. Impacto dos fatores socioeconômicos na saúde mental materna no Brasil. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 43, n. 3, p. 230-245, 2021.
SCHIAVO, R. A. et al. Aspectos psicológicos da gravidez e puerpério: um estudo longitudinal. Estudos de Psicologia, v. 37, n. 4, p. 567-580, 2020.
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