terça-feira, maio 14, 2024
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Eco-ansiedade: um termo novo para um problema antigo

 Por Dr. Márcio Rogério Renzo 

As mudanças climáticas têm-se apresentado cada vez mais forte em nossas vidas. São secas intensas, chuvas torrenciais, nevascas poderosas, furacões, tornados, derretimento de geleiras, etc. Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da ONU, a temperatura global deve alcançar 1,5 grau de aquecimento nas próximas duas décadas e demonstrar com estudos que riscos de uma crise ambiental para as próximas duas décadas estão presentes, além de ter sintomas sentidos já em nossos dias, como os observados nas estiagens, incêndios florestais, inundações e ondas de calor sem precedentes.

Mas você pode estar se questionando: “o que esses assuntos têm a ver com a minha saúde mental?

O termo eco-ansiedade pode ser um novo para nós no Brasil, mas ao redor do mundo tem-se mostrado bem atual e presente. Segundo a American Psychology Association (APA), definiu o termo como: “o medo crônico de sofrer um cataclisma ambiental que ocorre ao observar o impacto, aparentemente irrevogável, das mudanças climáticas gerando uma preocupação associada ao futuro de si mesmo e das gerações futuras”. 

Como vemos, apesar de não ser tratada ainda como uma doença, tem um potencial muito grande para se instalar cada vez mais aqui no Brasil, pois podemos observar cada vez mais esses fenômenos climáticos aqui. 

A eco-ansiedade, como um transtorno ansioso, por assim dizer, não afeta todas as pessoas da mesma forma e intensidade. Seus sintomas têm são característicos como nos demais transtornos ansiosos, ou seja, taquicardia, picos de pressão, sono irregular, transtornos gastrointestinais, alterações de humor, depressão, falta de ar. Seu diagnóstico precoce é importante, pois em caso de outras comorbidades presentes podem complicar o quadro.

Seus efeitos tendem a atingir pessoas na faixa de 20 a 30 anos, principalmente que tenham uma maior consciência ambiental, pois a preocupação maior está relacionada ao futuro das novas gerações, aliado ao seu sentimento de culpa por não ter contribuído mais com a preservação ambiental. 

Os primeiros relatos desse transtorno foram noticiados nos Estados Unidos, no início dos anos 2000. Até então a preocupação dos pacientes eram com o futuro da próxima geração, porém atualmente as pessoas que apresentam os sintomas temem por seu próprio futuro, tendo em vista a intensidade das mudanças climáticas e seus efeitos no meio ambiente.

 Os efeitos provocados pela eco-ansiedade nos afetam física, mentalmente e socialmente, segundo o US Research Program: 

  • Alterações físicas: alterações no estado físico e metabólico, aumento de alergias, maior exposição às doenças transmitidas pelas águas, aumento de episódios originados pelo calor.
  • Alterações mentais: elevado nível de estresse, ansiedade, depressão, sentimento de perda, aflição, tensão nas relações sociais, abuso de substâncias, transtorno de estresse pós-traumático.
  • Alterações na saúde comunitária: aumento de agressões interpessoais, aumento da violência e criminalidade, aumento da instabilidade social e redução da coesão social.

É importante que não se confunda com outro termo relacionado ao estresse pós-traumático que envolve grandes tragédias, que é a Solastalgia. Esta está relacionada ao conjunto de distúrbios psicológicos que ocorrem em uma população local após mudanças destrutivas em seu habitat, decorrentes de ação humana ou climáticas. Estas pessoas têm uma maior probabilidade de desenvolver distúrbios mentais.

Então, a solastalgia está relacionado às pessoas que já sofreram com as mudanças climáticas e a eco-ansiedade é pelo que ainda pode ocorrer devido a elas.

O que devermos fazer para evitarmos esses sintomas?

A melhor forma de resolver um problema é enfrentá-lo. Conhecer o problema. Bancar o avestruz, se esconder do problema não vai ajudar em nada. Devemos procurar controlar os impulsos. Agir de forma a aproveitar o lado positivo das situações. Manter o equilíbrio emocional requer atitudes, que não combinam com ações precipitadas.

Outra forma é reduzir o sentimento de culpa que persegue as pessoas que manifestam a eco-ansiedade, tendo atitudes que ajude a preservar o meio ambiente.

Lembre-se, a eco-ansiedade irá se manifestar principalmente em eventos, notícias e atitudes que envolvam o meio ambiente. Uma boa notícia é que as pessoas que se envolvem com ações preventivas têm aumentado e este aumento influencia aos mais jovens, que por sua vez, se tornam mais preocupadas com as futuras gerações e, porque não, sua própria existência.

Procure ajuda aos primeiros sinais, tenha hábitos sustentáveis e invistam na educação ambiental. Vamos viver uma vida plena!

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