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Home Destaques

Fogueira Morna

admin por admin
17 junho , 2025
em Destaques, Transformação Vital, Últimas Notícias
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Fogueira Morna

Por Eneida Roberta Lima 

 

O tempo é um mistério que assovia no vento, dança entre os estalos da lenha e se embaraça nos passos do forró. Meu avô, Anísio Honório, já dizia — com aquele olhar que atravessava décadas e desertos — que o tempo andava apressado demais. “A fogueira nem mornou e já é São João de novo, minha fia.”

 

Anísio não falava só de datas, falava de alma. Era caatingueiro. Homem do cerrado. Do tempo em que o céu ainda guiava os homens e o coração se media pelo compasso do vento e da fé. Sabia das estações pelo cheiro da terra molhada, pelo canto do galo, pelo silêncio do sertão. E sabia do tempo olhando as estrelas, como quem decifra poesia antiga escrita no céu.

 

São João, pra ele, era mais que um festejo. Era a renovação do sagrado. A comunhão dos vivos com os que partiram. A memória acesa nas brasas.

 

Quando era menino, dizia que o São João era a melhor época da vida dele. Se enchia de alegria com os balões no céu, o milho cozido na palha, o riso espalhado no terreiro… e se alegrava ainda mais quando tinha uma nega saboró pra dançar forró até as pernas cansarem.

 

Mas quando a festa acabava, a saudade chegava ligeira, batendo no peito com gosto de ausência. “Pai, quando é que vai ser São João de novo?” perguntava ele. E o pai dele — meu bozavô Gustavo — respondia com paciência: “Vai demorar, meu fio…”

 

Hoje, dizia meu vô, não demora mais nada. O tempo voa, escorre, escapa. A fogueira nem mornou… e já passou. O mundo anda ligeiro demais pra quem foi criado no passo do boi e no silêncio do sertão.

 

E mesmo com toda essa sabedoria do chão, meu avô nunca teve vergonha de demonstrar o amor. Era um homem de braços abertos, de palavra doce, de abraço inteiro. Um homem da terra que amava com grandeza, com liberdade, com entrega. Um homem que olhava nos olhos e dizia “eu te amo” como quem planta raiz. Porque no sertão, amor também é verbo forte.

 

Mas se meu avô era o fogo da festa, minha avó era o chão da casa.

 

Edith Lima não era mulher de arraial. Era mulher de alicerce. Mulher de fé, de força, de panela no fogo e voz firme no comando. Para ela, São João era a casa dela. Era preparar a abóbora pra Beninha, a farofa pra Rosinha, a leitoa assada pro fiin. Era cuidar dos detalhes, um a um, como quem borda uma história no pano da eternidade.

 

Minha avó tinha um jeito próprio de agradar cada neto. E da forma dela, conseguia alcançar os 24 netos que existiam na minha infância. Cada um se sentia visto, acolhido, lembrado.

Ela era dura nas opiniões, forte na personalidade, mas doce nos gestos. Foi com ela que aprendi muito sobre uma casa. E ela sempre dizia:

“Um dia, minha fia, tu vai precisar disso.”

E precisou. Porque a vida pede tudo. Pede trabalho, pede fé, pede resiliência, pede ternura. A vida não permite que a gente escolha só uma parte.

 

Minha avó me ensinou o valor da completude. Do que é simples e do que é essencial. E São João, na minha casa, era isso: o brilho nos olhos do meu avô… e o cuidado silencioso da minha avó.

Todos os anos, eu ia na gruta da Mangabeira, acender uma vela de sete dias, em agradecimento por tudo o que havia vivido. E minha avó sempre repetia:

“Minha fia, se acender uma vela de sete dias, tem que passar sete dias velando ela.”

E toda vez que ela falava isso, a gente ria juntas. Ríamos como quem partilha segredo, como quem sabe que, ali, mora uma eternidade.

 

Minha avó era casa. Era retorno. Era morada. Era segurança. Era a bênção que eu buscava em todos os momentos. Eu ligava e dizia:

“Bença, vó.”

E ela respondia com a firmeza da fé:

“Deus te abençoe, Rosinha”

 

 

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