Por Luka Veloso
Os anos de 2019, 2020 e 2021 ficarão marcados não só pela pandemia, mas pelas sequelas que trouxeram para vida das pessoas mundialmente. Poderia passar horas descrevendo as mudanças societárias decorrentes da COVID-19, onde observa-se transformações econômicas, sociais e familiares evidentes e importantes fontes de estudo para os experts da Saúde.
Como estudiosa da Saúde da Família, debruço-me a olhar para esse sistema como foco de meus trabalhos e impressões mais aprofundadas. E, ao longo desses 2 anos, defendo a tese que as configurações familiares estão sendo “drasticamente” (uso o grifo para chamar atenção para a palavra) modificadas nesse processo, principalmente, no que tange as questões de saúde. Famílias foram devastadas, vários membros adoeceram juntos e, muitos, vieram a óbito em questão de dias, deixando filhos órfãos, pais desolados, casais “desmontados”,
E vale a reflexão: Será que é preciso adoecer para valorizar o amor na família?
Refletir sobre o processo de adoecimento não é tarefa fácil, envolve uma gama de sentimentos que se faz necessário para se entender os reais significados dos membros da família.
Em se tratando de doenças terminais, muitos estudiosos já relatam que a família também fica adoecida, pois lidar com a ausência de saúde, dependência, mudanças na rotina e do próprio “morrer” atinge os familiares, no que diz respeito às questões emocionais e psicológicos de forma contundente. As incertezas do viver tornam-se, particularmente, um lugar para ressignificar as relações familiares, já que é na família que vivenciamos as nossas primeiras e mais profundas sensações. Conforme, a PNAS (2004) esclarece, família é “um conjunto de pessoas unidas por laços consanguíneos, afetivos e, ou, de solidariedade.”
Contudo, vale salientar que em se tratando do Coronavírus, o ciclo de adoecimento nem sempre pode ser completado – se é que posso utilizar essa palavra para descrever essa etapa da ausência de saúde -, ou ainda, vivenciado pela fluidez e rapidez que a doença leva o indivíduo a morte e como serão vivenciadas as sequelas das ausências.
Fato importante a observar é que a família é um sistema abrangente, onde cada membro expressa seus sentimentos de modo peculiar, cada família vivencia suas dores, amores, alegrias e tristezas de forma particular e o sentir é único. Contudo, um fator que pode-se analisar como como comum é que no ciclo de adoecimento da família, todos os envolvidos são afetados pela doença, pelo querer ter mais uma oportunidade, de viver, de sentir e de amor o seu ente querido.
Portanto, viva o amor pelos seus familiares, no seu presente, como uma chance única de ser feliz!
REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA:
Política Nacional de Assistência Social – PNAS/2004; Norma Operacional Básica – NOB/Suas. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – Secretaria Nacional de Assistência Social, 2005.