Por: Claudimar Nunes
É praticamente unânime a ideia, entre os apreciadores, que o vinho é uma bebida viva. Talvez não seja por acaso que em toda a história da civilização humana ele esteve presente, definindo destinos e acontecimentos, e modificando até a sua própria trajetória. Se tem vida, tem história!
Os vinhos fortificados, em especial, já têm os seus porquês desde antes de existirem, fazendo desta categoria de vinhos uma descoberta, e não uma construção premeditada. Foi a partir da necessidade da sua conservação, quando os portugueses se aventuraram nas odisseias dos descobrimentos, que se tentou adicionar aguardente no vinho. Surpreendentemente, funcionou. O processo de interromper a fermentação não só evitou que o vinho azedasse, como, da combinação desses dois componentes, surgiu a nova bebida que encantou aqueles viajantes.
Mais tarde, por diversos fatores, como desavenças da Inglaterra com a França, crises econômicas e comerciais, demarcações restritas de áreas para o cultivo e pragas que devastaram grandes vinhas, levaram a importantes ajustes legais, em Portugal e internacionais, com relação à produção dos vinhos do Douro, mas em especial, foi impactante para o segmento o interesse dos ingleses nos vinhos portugueses. Então, tornou-se ainda mais importante o processo de conservação da bebida, que era exportada para lá de navio.
Pode-se dizer que, numa classificação semelhante, estão os vinhos italianos Marsala, que também são fortificados com a utilização de aguardente vínica na sua produção, cujo processo também é conhecido como “benefício” ou “aguardentação”.
São vinhos adocicados devido à interrupção da fermentação, já que o açúcar natural das uvas é preservado quando não se transforma completamente em álcool. Por isso, é especialmente apreciado como sobremesa, servido em cálices menores. Mas, há também diversas aplicações na gastronomia, onde se configura como excelente ingrediente.
Hoje eu trago a receita adaptada do Frango ao Marsala, com origem na Sicília, de onde o vinho é tradicionalmente produzido. Porém, com receita adaptada ao Vinho do Porto.
Bora fazer!
Filé de Frango ao Marsala (ou ao Vinho do Porto)
Ingredientes
400 g de filé de peito de frango cortado em fatias de 1 ½ cm
1 cebola média
azeite
50 g de manteiga
10 cogumelos portobello frescos (ou paris)
salsinha
1 folha de louro
1 galho pequeno de alecrim fresco
½ copo de Vinho do Porto tinto
1 colher de sopa de molho inglês
farinha de trigo
Modo de Preparo
Bata os filés de frango com martelo culinário, somente para amaciar (recomenda-se forrar com papel manteiga por cima e por baixo antes de bater). Empane-os na farinha de trigo e bata para tirar o excesso.
Pique a cebola em cubinhos pequenos e refogue com um fio de azeite.
Acrescente o louro, o alecrim e a manteiga.
Quando a manteiga derreter, frite os filés nessa mistura por 3 minutos, salpique sal e vire-os.
Espalhe meio copo de Vinho do Porto e, em seguida, os cogumelos fatiados. Tampe e deixe refogar por 05 minutos em fogo baixo, ou até reduzir o vinho.
Espalhe salsinha picada por cima.
Sirva com purê de grão-de-bico.