Por Dr. Paulo Roberto Reis
Psicólogo Clínico
Muitas pessoas buscam a terapia esperando encontrar uma solução rápida para seus problemas, quase como se o psicólogo possuísse um feitiço capaz de transformar suas vidas instantaneamente. Esse pensamento não é incomum, afinal, vivemos em um mundo que valoriza respostas imediatas e resultados visíveis. Porém, ao contrário do que muitos imaginam, o processo terapêutico não é uma fórmula mágica, mas sim um caminho estruturado de autoconhecimento e mudança. Ele exige tempo, dedicação e, acima de tudo, a disposição para olhar para si mesmo com honestidade e profundidade. A terapia não anula dores do passado nem impede desafios futuros, mas ensina a lidar com eles de maneira mais saudável e consciente.
Ao iniciar a terapia, algumas pessoas podem sentir frustração por não perceberem mudanças drásticas logo nas primeiras sessões. Isso acontece porque o crescimento emocional não se dá de forma linear ou imediata. Assim como qualquer outro processo de aprendizado, compreender e modificar padrões de pensamento, emoções e comportamentos leva tempo. Pequenas mudanças podem parecer insignificantes no começo, mas, ao longo do percurso, tornam-se fundamentais para construir uma vida mais equilibrada. Um dos principais papéis do terapeuta é auxiliar nessa jornada, oferecendo ferramentas e reflexões que permitam ao paciente ampliar sua visão sobre si mesmo e sobre o mundo ao seu redor.
O processo terapêutico é, na verdade, um espaço de construção conjunta. O terapeuta não tem todas as respostas nem impõe verdades absolutas. Ele atua como um facilitador, ajudando o paciente a compreender suas próprias emoções, a identificar padrões que o prejudicam e a desenvolver estratégias mais saudáveis para enfrentar seus desafios. Muitas vezes, isso envolve questionar crenças limitantes, ressignificar experiências dolorosas e experimentar novas formas de agir diante de situações difíceis. Esse percurso pode ser desconfortável em alguns momentos, mas é justamente esse desconforto que impulsiona o crescimento e a mudança genuína.
Na psicologia, existem diversas abordagens terapêuticas, cada uma com seus métodos e princípios. Eu, como psicólogo, utilizo a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), uma abordagem estruturada e baseada em evidências científicas. A TCC se concentra na relação entre pensamentos, emoções e comportamentos, ajudando o paciente a identificar padrões disfuncionais que podem estar contribuindo para seu sofrimento emocional. Com o uso de técnicas práticas e estratégias personalizadas, a TCC permite que o paciente desenvolva habilidades para lidar com ansiedade, depressão, estresse e outros desafios de forma mais adaptativa. Diferente de abordagens que se baseiam exclusivamente na exploração do passado, a TCC enfatiza o momento presente e a busca por soluções concretas para os problemas do dia a dia.
Se você já pensou em procurar terapia, mas sente receio ou dúvidas, saiba que esse é um caminho de construção gradual e contínua. Não existe um passe de mágica que resolva tudo de uma vez, mas existe um processo seguro e eficaz que pode proporcionar mudanças significativas. Permitir-se viver esse processo pode ser a chave para desenvolver mais equilíbrio emocional, autoconhecimento e bem-estar. Então, que tal dar esse primeiro passo?
Paulo Roberto Reis é psicólogo clínico especializado em Terapia Cognitivo-Comportamental e idealizador da Longevos Psicologia, uma clínica voltada para o cuidado da saúde mental e longevidade. Graduado em Psicologia pela Universidade Católica do Salvador (UCSAL), Paulo é também mestrando em Estudo de Linguagens pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Com uma sólida formação acadêmica, é pós-graduado em Gerontologia, Terapia Cognitivo-Comportamental e Neuropsicologia. Além de sua prática clínica, Paulo é colunista do Portal Som de Papo, onde escreve sobre saúde mental aos domingos, contribuindo com informações e reflexões sobre o bem-estar psicológico.
IMAGEM: Homem sentado olhando para as mãos. Fotografia de Karoline Melo – retratista, 2024.