Por Monique Kamada
É importante frisar que mulheres autistas existem simplesmente porque a própria história do espectro revela um apagamento desse público até a década de 1990, levando a subdiagnósticos, diagnósticos imprecisos e a tratamentos inadequados.
O estereótipo criado em torno dos autistas ainda está relacionado a meninos com atrasos no desenvolvimento, que muitas vezes não se comunicam oralmente, apresentam deficiência intelectual, não brincam de forma funcional, têm muitas estereotipias, como pular, girar, balançar o tronco, sacudir as mãos e parecem viver num mundo próprio.
As pesquisas recentes mostram que alguns sinais ou intensidade de sintomas do autismo em meninas e mulheres é distinta da apresentação masculina. Porém, desde que o autismo foi observado, os estudos têm sido feitos praticamente com meninos, o que gerou instrumentos de rastreio com características predominantemente masculinas e uma sub-representação feminina.
Na década de 1980 a psiquiatra Lorna Wing cogitou que as meninas possivelmente tinham quadros mais severos, pois o transtorno só era detectado nas mesmas quando o comprometimento intelectual era maior. Assim, também nota-se uma lacuna importante, pois as amostras não levaram em conta uma apresentação de menor nível de suporte no sexo feminino.
O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento com déficits persistentes na comunicação, na interação social e comportamentos restritos e repetitivos. Porém temos de considerar que, tradicionalmente, as mulheres ocupavam papeis que exigiam maior socialização e cuidado para com o outro: mães, esposas, professoras, enfermeiras, etc., o que ajudava a mascarar as características atípicas.
O problema disso é que, por falta de detecção precoce, negligências ligadas ao TEA geram um forte impacto na saúde mental e na qualidade de vida. Camuflar os sintomas para “caber na sociedade” distancia as mulheres de suas reais identidades, potencializando o sofrimento.
O diagnóstico, mesmo que tardio, gera alívio e salva vidas, pois permite profundidade no autoconhecimento. Que possamos lembrar disso para não invalidar histórias, como a da atriz Letícia Sabatella e de outras tantas mulheres que fazem parte da geração invisível do autismo.
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