Por Nedir Marchioro
O empreendedorismo é, por natureza, um caminho cheio de altos e baixos. Quem se aventura a iniciar um negócio ou a lançar um projeto próprio enfrenta desafios diários que, muitas vezes, vão além do que se pode prever. Nesse contexto, a resiliência se torna uma habilidade essencial para o sucesso. Não é à toa que essa palavra tem ganhado cada vez mais destaque no universo empreendedor. Ser resiliente significa ter a capacidade de se adaptar e superar as adversidades, mantendo-se firme na busca dos objetivos, mesmo diante das dificuldades.
Um exemplo clássico de resiliência no mundo dos negócios é o caso de grandes empreendedores que, antes de atingirem o sucesso, enfrentaram inúmeras barreiras. Steve Jobs, por exemplo, foi demitido da própria empresa que fundou e voltou anos depois para reconstruí-la, levando a Apple a se tornar uma das maiores companhias de tecnologia do mundo. Esses exemplos inspiram, mas, além da inspiração, deixam uma lição importante: o caminho do sucesso raramente é linear. É preciso força, paciência e muita resiliência para continuar avançando.
Um Case de Resiliência no Empreendedorismo Baseado em uma História Real
No final dos anos 80, um jovem, insatisfeito com sua situação de vida até os 26 anos, resolveu mudar essa história.
Por onde começar: Filho de agricultores, de uma família humilde e com poucos recursos para investir, era um analfabeto funcional e tinha pouco contato com a civilização.
Tudo começou com uma decisão: mudar de vida. Essa decisão foi fortalecida por uma determinação firme de que não havia volta; era preciso dar certo.
Ele saiu de casa – uma casa em um sítio distante da cidade – decidido a mudar de vida, com um planejamento básico e clareza sobre as primeiras ações necessárias para que o plano fosse bem-sucedido. Definiu para onde ir, o nome da cidade e o propósito: buscar uma oportunidade em uma empresa de referência. Com uma mochila nas costas e uma muda de roupa, pegou o ônibus para o destino planejado. Chegando à cidade, buscou informações sobre onde ficava a empresa escolhida, seu primeiro passo para o empreendedorismo e a conquista do primeiro emprego, que lhe renderia seu primeiro salário aos 26 anos.
Na empresa, ao ser questionado pelo empregador, ouviu: “Me entregue o currículo.” Confuso, o jovem analfabeto funcional respondeu que nunca tinha ouvido falar nisso. O empregador explicou que o currículo era um documento em que registravam-se cursos e qualificações profissionais. O jovem respondeu: “Nunca ouvi falar disso. Só quero um trabalho digno e um salário justo.” O empregador então perguntou o que ele sabia fazer, e ele listou tarefas como plantar, colher, lavrar e capinar, atividades típicas do campo. O empregador respondeu que não havia essas tarefas ali, pois se tratava de uma indústria de cutelaria.
Persistente, o jovem pediu: “Por favor, me dê essa oportunidade.” Ao mostrar suas mãos calejadas, rachadas pelo frio e sujas de terra, ele apresentou seu “currículo”, e foi com essas mãos que ele conseguiu o emprego em uma das maiores empresas do Brasil, a Tramontina.
Aos 28 anos, desafiou-se a voltar à escola, ingressando na quarta série do ensino fundamental. Investiu na própria educação e desenvolvimento humano e profissional, formando-se como técnico em mecânica industrial. A partir daí, construiu uma carreira de sucesso na mesma empresa. Tornou-se líder de equipe, e aos 39 anos ingressou na faculdade, formando-se aos 44 anos. Com o tempo, assumiu a posição de gerente em uma área complexa, liderando mais de 260 colaboradores. Fez três MBAs: Gestão de Pessoas, Gestão Empresarial e Engenharia de Produção e Sistemas. Trabalhou nessa empresa por 32 anos até decidir abrir seu próprio negócio.
Hoje, ele é empresário, escritor, palestrante com mais de 700 palestras realizadas, autor e coautor de sete livros, professor universitário e mestre em Ciências da Educação. Tem como missão de vida atuar como mentor empresarial, ajudando centenas de empresas a crescerem e gerando novos postos de trabalho, promovendo mais oportunidades para quem precisa.
Não basta querer é preciso ter a atitude de fazer o que for necessário para ser bem sucedido no mundo do empreendedorismo e dos negócios.
Esta coluna foi escrita pelo próprio autor dessa história, que hoje, com muito orgulho, se torna colunista deste jornal, responsável pela área de negócios.
Por seu autor: Nedir Luís Marchioro
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