Por Eneida Roberta Bonanza
Quando dois adultos decidem seguir caminhos diferentes, a vida exige coragem. O divórcio ou a separação pode ser doloroso, mas também pode ser um recomeço. Entretanto, quando a mágoa se transforma em arma e os filhos se tornam o campo de batalha, nasce uma ferida que atravessa gerações: a alienação parental.
Quantas crianças crescem sem compreender por que não podem ver o pai ou a mãe? Quantos pequenos carregam perguntas sem resposta, acreditando que não são amados ou que existe algo errado com eles? O que era para ser um lar de cuidado se torna um tribunal silencioso, onde a sentença é a ausência.
A alienação parental é como uma sombra invisível que se instala no coração da criança. Um dos pais, movido pelo ressentimento, passa a distorcer a imagem do outro, plantando sementes de desconfiança, rejeição e medo. Aos poucos, o filho aprende a olhar para aquele que deveria ser porto seguro como um inimigo. E o que é mais doloroso: ele acredita que esse olhar é dele, sem perceber que foi moldado pela mágoa de alguém.
No futuro, quando esse filho compreender que sua distância não foi escolha, mas manipulação, a dor é inevitável. É como se a vida lhe tivesse roubado anos de convivência, risadas, histórias de família e memórias que nunca serão recuperadas. A frustração se mistura com a sensação de ter sido usado como arma em uma guerra que nunca lhe pertenceu.
Do ponto de vista jurídico, a alienação parental é reconhecida como uma forma de violência emocional. A Lei nº 12.318/2010, no Brasil, protege a criança desse abuso, permitindo que a Justiça intervenha para preservar o direito sagrado de conviver com ambos os pais. Mas, ainda que a lei exista, a consciência precisa nascer dentro de cada pai e mãe.
Porque a alienação não destrói apenas vínculos parentais — ela compromete a formação da autoestima, da confiança e da capacidade de amar dessa criança no futuro. O filho aprende que o amor pode ser condicional, que para pertencer é preciso escolher lados, e que afeto pode ser manipulado. Nada é mais cruel do que roubar a espontaneidade de um amor genuíno.
Pais, guardem no coração: os filhos não são prolongamento das mágoas conjugais. Eles não são moeda de troca nem testemunhas obrigatórias de ressentimentos. Eles são frutos de um amor que um dia existiu — e merecem ser preservados, amparados e livres para amar sem culpa.
Que cada casal, no casamento ou no divórcio, possa lembrar-se de que a maior herança que se deixa a um filho não é o patrimônio ou o sobrenome, mas a possibilidade de crescer sem carregar feridas emocionais que não são suas.
🌿 Eu sou Eneida Roberta Bonanza, fisioterapeuta, terapeuta integrativa, CEO da Clínica CHER – Saúde Humanizada, palestrante internacional e escritora. Minha missão é cuidar de pessoas e despertar consciências através do corpo, da ciência e da alma.
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