Por Dr José Carlos da Cruz
A crenças estão presentes na vida de todos, construídas desde os primeiros milésimos de segundo de vida, por aqueles que são responsáveis pelo cuidado, que com o passar dos anos, são moldadas pelos muitos ambientes em que se transita.
Qual o poder das crenças no processo do desvelar do self?
Para responder essa pergunta, será observado duas conceituações que podem ser atribuídas as crenças, rigidez e solidez, salienta-se, que a ideia perpassa a espiritualidade ou qualquer ideia de religiosidade, porém, a ideia é olhar para além, para o desenvolvimento humano, onde as crenças assumem papeis fundamentais.
O conceito de rigidez traz como principal característica a inflexibilidade; e quando se coloca as crenças neste lugar, atribui a ela moralidade doentia, que promove sofrimento emocional e afasta a pessoa da sua própria essência, o ser humano é mutável, já dizia Platão que quem sobrevive é aquele que melhor se adapta, ou seja, molda-se; Raul Seixas já declamava em suas letras, quero ser aquela metamorfose ambulante.
A visão de quem se coloca nesta posição, é de que não precisa aprender nada, recusa qualquer ensinamento ou orientação, invalida o outro, a falta de maleabilidade dificulta a construção do Self, quem constrói suas crenças neste lugar, está sujeito a se tornar obsoleto.
Já o conceito de solidez, traz como principal característica a resistência, as crenças neste lugar, desenvolve uma moralidade empática, reconhece que todos tem o mesmo potencial para o bem e para o mal; valida as opiniões, faz uso da fala de Maquiavel, que afirma o direito de fala para o outro, mesmo que se oponha completamente, pondera no que escuta, absorve o que é valido, se apropria do princípio de São Paulo, leia tudo, mas retenha o que é bom (1 Tessalonicenses 5:21).
As crenças, centrais ou nucleares, têm o poder para definir comportamentos, estabelecem como o indivíduo percebe a si mesmo, o outro e o mundo; são crenças aprendidas, reforçadas, que assumem a postura absolutista e inflexível, ¹representam os mecanismos desenvolvidos pelas pessoas para lidar com as situações cotidianas.
As crenças são construtos cognitivos, com a proposta de oferecer ao individuo um significado existencial, a partir de regras, suposições, pressupostos que formam um conjunto de condições para a sobrevivência ou vivência no mundo.
No processo do encontro com o self, as crenças são fundamentais, tendo um papel crucial no desenvolvimento pessoal e na busca da individuação, para Jung as crenças representam os aspectos fundamentais da experiência humana, o que molda toda a psique humana.
Elas guiam a vida do indivíduo, cultivadas na abrangência da própria experiência do ser, para que se torne mais completa e significativa.
É notório a importância das crenças, para o desenvolvimento humano, porém, quando assume a sua característica inflexível, limita o acesso do indivíduo as experiências propicias ao crescimento.
Por outro lado, quando assume o lugar de resistência, tem a mesma projeção inflexível, mas diferentemente, está sujeita a modelagem.
As relações modelam os atores, exemplo é a relação da água e a pedra, o ditado popular diz que a pedra é dura, enquanto a água é mole, mas de tanto bater, ela fura; a pedra é solida, muita das vezes permanece no seu lugar, mas a água modela seu formato, abri espaço e caminho.
O encontro de dois indivíduos, constituídos por crenças fundamentais e sólidas, torna-se um grande evento, porque ambos serão transformados.
Portanto, faça uso desta característica maravilhosa do indivíduo, tenha crenças firmes, que projetam força para enfrentar as intempéries da vida, mas que no encontro com as experiências, permite-se moldar e adequar-se, podendo viver o melhor de si mesmo e do mundo, com o outro, no presente realista.
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