por : Claudimar Ferreira Nunes
É certo que a gastronomia faz muito bem o seu papel de agregar pessoas, ou seja, de possibilitar o encontro em momentos agradáveis, prendados quase sempre das delícias dos sentidos. É desde sempre que é assim. Mirem-se nas reuniões de tribos indígenas que celebram o banquete da caça enquanto os guerreiros caçadores contam suas aventuras na mata, ela que lhes oferece o alimento como recompensa do esforço e do conhecimento.
Apreciar o alimento através dos sentidos é de tamanha importância para a humanidade que, segundo as Escrituras Sagradas, os povos antigos ofereciam a Deus o “sacrifício de agradável odor”, uma metáfora que indica que a oferenda ou sacrifício são bem aceitos por Deus.
Mas, até os sabores e aromas são percebidos diferentemente de pessoa para pessoa, pois, como já mencionamos em publicação anterior, está muito relacionado às memórias afetivas. O ovo de mil anos, ou peedan, que consiste na conserva do ovo (de galinha, codorna, pato ou ganso) em argila, cal, amido, sal e cinzas, embalado nessa mistura por cem dias, embora adquira uma aparência nada convidativa, pois se torna escuro, quase preto, é uma iguaria da culinária chinesa. Já, o queijo azul, que tem sua versão francesa, como o Roquefort e a italiana, como o Gorgonzola, são produzidos com a adição de mofos.
Numa experiência de sabores, foi oferecido ao chinês o queijo azul e, ao francês, o ovo de mil anos. Ambos rejeitaram veemente o sabor, e não conseguiram comer.
Essa experiência comprovou o que já sabíamos: que a memória afetiva é grandemente determinante na escolha de um prato ou sabor.
Mas, isso se tornou também um problema para os proprietários de restaurantes, que certamente perdem clientes diariamente quando casais, grupos de amigos e até famílias saem para apreciar momentos de convivência e gastronomia. Pois, a liberdade individual também implica no livre arbítrio de cada um para escolher o que mais lhe agrada comer e saborear. Então, a ideia de comer pizza foi vencida por quem quer sushi; a carne que seria escolhida, foi substituída pela massa. Além de, obviamente, causar conflitos e descontentamento entre os que querem pizza e quem deseja sushi, carne ou peixe, massa ou tacos…
De certa forma, essas questões foram parcialmente resolvidas quando influenciaram a criação das praças de alimentação nos shoppings. Nelas, tornou-se comum a dispersão do grupo que, embora todos estejam numa mesa, na hora de cada um buscar o seu alimento preferido diante das diversas opções oferecidas.
Contudo, em todos os aspectos da vida, estamos em constante evolução, e não poderia ser diferente quando se fala em ideias geniais para atender o público da gastronomia, este que, individualmente, conquistou a sua liberdade de escolha.
Recentemente, fomos convidados para a inauguração do espaço em Brusque, Santa Catarina, que promete harmonizar a funcionalidade de opções das praças de alimentação com o aconchego de restaurantes de bom gosto. Saindo de Maringá, no Paraná, tivemos a grata satisfação de conhecer o Lúmina Gourmet (@luminabrusque)! Um complexo gastronômico internacional onde, num só lugar, pode-se saborear o melhor da gastronomia italiana no “O Italiano Trattoria”, variedades da gastronomia mexicana no “O Mexicano”, carnes incríveis no “O Uruguaio”, ótimas opções de comida oriental no “Kay Sushi”, drinks incríveis e o melhor do vinho no “iL Vino Wine Pub”, tudo num mesmo endereço, porém em ambientes própria e lindamente decorados. Além do estacionamento amplo, no próprio ambiente, pode-se usufruir do espaço comum, que agrega todos os cinco restaurantes, ou escolher um deles e se harmonizar com a decoração e o ambiente aconchegante. Mas, a comanda é uma só.
É um conceito que permite, por exemplo, que se brinque com a ideia de provar só entradas, uma de cada estilo de prato, que você queira provar uma pasta italiana no ambiente mexicano ou que cada um escolha o seu estilo para aproveitar de tudo com os amigos. Ou seja, é o tilintar da taça de vinho no brinde aos demais sentidos, a celebração do livre arbítrio num só lugar de incrível bom gosto, tanto na decoração como na elaboração do menu, ou melhor, dos menus.
Eu, que sempre gostei de misturar sabores, e tentar combinar lé com cré, me senti abraçado no Lúmina Gourmet.
Na nossa receita de hoje, em homenagem ao poder de escolha e à harmonia da diversidade de paladares, que tal um clássico Surf & Turf? Vamos de Vitelo Tonnato, que, assim como um casal que discute entre si o que comer num sábado à noite, a sua autoria também é disputada entre França e Itália. Porque, legal é harmonizar.
Vitello Tonnato (Vitel Toné)
Ingredientes
1 peça de lagarto de 1 kg (posta branca)
1 xc maionese
Alcaparras
1 lt atum sólido
½ xc vinagre de vinho
Caldo de legumes
½ xc óleo de milho
Modo de Preparo
Cozinhe a peça de lagarto por uma hora em panela de pressão, no caldo de legumes.
Ainda quente, enrole firme em papel filme e leve à geladeira por 4 horas.
Corte em rodelas bem finas (depois de fatiado, retire o papel filme).
No copo do liquidificador, junte a maionese, 10 alcaparras, uma lata de atum (sólido), meia xícara de vinagre de vinho, meia xícara de óleo de milho. Bata até adquirir consistência cremosa. (acrescentar óleo ou maionese até alcançar a consistência de creme).
Quando o molho estiver pronto, adicione algumas alcaparras inteiras.
Numa travessa, intercale o molho e a carne e leve para esfriar na geladeira.
Sirva com pão fatiado ou torrada.
por : Claudimar Ferreira Nunes – @claudimar_f_nunes